Brasil

Estudantes e professores voltam às ruas em mais de 136 cidades contra bloqueio de verba da Educação

Protestos começaram na manhã e já foram registrados em pelo menos 25 estados e no Distrito Federal
Marcha dos estudantes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra o corte de verbas na Educação Foto: Jorge William / Agência O Globo
Marcha dos estudantes, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra o corte de verbas na Educação Foto: Jorge William / Agência O Globo

RIO — Estudantes, professores e profissionais da Educação voltaram às ruas de todo o país neste 30 de maio em manifestações em defesa da Educação.

De acordo com o G1, até às 21h30 foram registrados atos em ao menos 136 cidades de 25 estados e do Distrito Federal. Esta é a segunda manifestação organizada contra o contingenciamento de recursos para instituições de ensino superior, anunciado pelo governo no fim de abril.

 

Em algumas cidades, como Caruaru (PE), São Carlos (SP) e Teresina (PI), as paralisações contaram com a adesão de professores em instituições federais. Na Bahia, um ato tomou as ruas do Centro de Salvador logo pela manhã. Professores e estudantes se concentraram por volta das 9h, no Largo do Campo Grande.

Na capital do Maranhão, São Luis, um grupo de estudantes distribuiu panfletos na Avenida dos Portugueses, informando aos motoristas sobre os objetivos do ato. As entradas e saídas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foram bloqueadas. Em Pernambuco, O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) aprovou a paralisação das aulas nesta quinta-feira. Já no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a decisão ficou a cargo de cada professor.

Rio de Janeiro

A pauta de manifestantes que compareceram ao ato em defesa da Educação , nesta quinta-feira, na Candelária, no Centro do Rio de Janeiro , não se restringe aos cortes feitos pelo governo na área. Cartazes contra a Reforma da Previdência levados por trabalhadores de algumas categorias também são vistos no protesto. Ainda não há estimativa de público.

As manifestações desta quinta foram majoritariamente convocadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) para protestar contra o bloqueio de verbas promovido pelo Ministério da Educação (MEC) . Segundo a entidade estudantil, pelo menos 143 cidades confirmaram atos para esta quinta. No Rio, os manifestantes devem caminhar até a Praça da Cinelândia.

São Paulo

Ato no Largo da Batata contra o corte de verba para educação. Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo
Ato no Largo da Batata contra o corte de verba para educação. Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo

Em São Paulo, estudantes, profissionais da Educação e centrais sindicais realizaram ato contra medidas do governo do presidente Jair Bolsonaro, no Largo da Batata, na Zona Oeste da cidade. Os manifestantes ocuparam uma das pistas da Avenida Faria Lima e as ruas que cercam o largo e seguem em direção à Avenida Paulista. Num carro de som, lideranças sindicais e líderes estudantis discursaram.

No interior, em Ribeirão Preto, uma manifestação ocorreu em frente ao campus da USP e durou cerca de duas horas. As pessoas distribuíram panfletos e exibiram cartazes e faixas com frases como “Sem investimento não haverá conhecimento” e “A educação resiste”.

Em Santos, um grupo de petroleiros se reuniu para protestar em apoio aos estudantes e em defesa das refinarias, atacando as privatizações e a Reforma da Previdência. Na cidade de Araraquara, estudantes organizaram uma manifestação em frente ao campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A entrada de funcionários terceirizados e alunos que desenvolvem algum tipo de pesquisa científica foi liberada.

Em São Carlos, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) saíram em passeata direção ao Centro da cidade. Houve paralisação na UFScar, segundo a associação de professores, mas a assessoria de imprensa da universidade informou que a adesão é uma decisão pessoal e que a instituição funciona normalmente.

Brasília

Professores, estudantes e integrantes de movimentos sindicais se reuniram na Esplanada dos Ministérios , na capital federal . A Polícia Militar estimou inicialmente que cerca de 1,5 mil pessoas estavam no local, mas, ao fim do protesto, não deu uma estimativa oficial. A UNE disse que o público participante variou de 15 mil a 20 mil pessoas.

Um princípio de confusão aconteceu quando um homem foi detido pela PM e manifestantes tentaram impedir a ação. De acordo com a polícia, o rapaz estava de máscara, o que não é permitido, e se recusou a se identificar. Os manifestantes afirmam que o homem retirou a máscara assim que foi solicitado.

Protesto em defesa da Educação no entorno do Museu Nacional, em Brasília Foto: LEONARDO MILANO/FUTURA PRESS / Agência O Globo
Protesto em defesa da Educação no entorno do Museu Nacional, em Brasília Foto: LEONARDO MILANO/FUTURA PRESS / Agência O Globo

Parlamentares também participaram do ato na capital federal. As deputadas federais Gleise Hoffman (PT-PR), Érika Kokay (PT-DF) e o deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF) discursaram no trio elétrico.

Entenda o que motivou a manifestação nacional

O Ministério da Educação (MEC) bloqueou 30% das verbas destinadas ao pagamento de despesas discricionárias de universidades e institutos federais. Em resposta à medida, manifestantes realizaram atos em mais de 200 cidades do país, em 15 de maio.  De acordo com responsáveis pela organização dos novos protestos, nesta terça-feira, o evento pretende ser uma "continuidade" do primeiro.

— A convocação é uma continuação da pauta levantada dia 15, questionando o corte de verbas que chegou até a educação básica, inclusive no Fundeb. As instituições de ensino estão em risco. Queremos exigir a revisão do contingenciamento — afirmou o diretor nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), Hélio Barreto.

A UNE e sindicatos dos professores também criticaram a reforma da Previdência apresentada pelo executivo.  Ele considera "chantagem" a fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que afirmou que "se a gente conseguir aprovar a Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento".

— Não queremos escolher entre uma coisa e outra, mas ter os nossos direitos que são garantidos pela Constituição — disse Barreto.

Aluno do terceiro ano do ensino médio, no Paranoá, região administrativa do Distrito Federal, Álisson Teotonio, 17, participa do ato e acha que o contingenciamento das verbas foi "irresponsabilidade do governo".

— Viemos levantar a voz pelo direito à Educação, presente na Constituição. O governo decidiu cortar por ter medo de alunos críticos. Se continuar assim, vai intervir no orçamento das escolas, também — afirmou o aluno, que quer estudar na UnB.

Ex-professor de português em escola pública, José Luiz Ribeiro compareceu à manifestação ao lado da esposa. O aposentado foi ao ato para criticar o governo Bolsonaro e o bloqueio dos recursos.

— O governo quer acabar com a universidade e a escola pública e não dá o mínimo valor aos profissionais de educação — disse o educador, que é contra o texto da Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro e a atuação do governo na demarcação de terras indígenas.