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Diário de Inovações

Sala de aula invertida muda formação de professores de educação física

Com recursos na plataforma Edmodo, educador usou metodologia ativa para trabalhar a temática ambiental em um curso de licenciatura

por Sandro Jorge Tavares Ribeiro ilustração relógio 19 de julho de 2017

Eu já trabalho com formação de professores há alguns anos. Como procuro adotar metodologias ativas que envolvem o uso de tecnologias digitais, percebi que a sala de aula invertida era uma abordagem simples de ser aplicada com os discentes da licenciatura, já que o educador não depende muito de horários, de recursos ou até mesmo da organização do espaço físico para colocá-la em prática.

Pensando nisso, desenvolvi um projeto chamado “Flipped classroom: aprendizagem para além da sala de aula com o Edmodo”. Ele acontece a partir de uma perspectiva de estudo entre dois campos do saber: ensino e meio ambiente.

Ensino porque procura descrever como se dão os entrelaçamentos em uma rede entre docente e discentes (atores humanos) e os recursos digitais tecnológicos (atores não humanos) usados para tecer conhecimentos. Já meio ambiente porque, como determina a lei nº 9.795/99, que estabelece a obrigatoriedade da educação ambiental em todos os níveis da educação brasileira, busquei tecer esses saberes no cotidiano do curso de educação física, especificamente por intermédio da disciplina de esporte de aventura.

O projeto teve duração de um semestre, de fevereiro até julho deste ano. Escolhi trabalhar com a plataforma virtual de aprendizagem Edmodo porque ela ajuda muito o professor a inverter a lógica da sala de aula. Como tem um aplicativo, os estudantes também podem fazer todas as atividades pelo smartphone.

Por intermédio do ambiente virtual, foram disponibilizadas quatro atividades para os estudantes. Todas tinham o intuito de levar a turma a uma reflexão sobre educação ambiental em uma perspectiva crítica. Essa relação virtual possibilitou um encontro presencial onde eu consegui aprofundar as discussões iniciadas no Edmodo, aproveitando os benefícios advindos da metodologia da sala de aula invertida.

Fizemos uma visita técnica à Estação Ecológica de Tamoios, localizada entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty, que se correlacionou às reflexões das tarefas online executadas pelos discentes. Com essas intervenções colaboramos para tecer conhecimentos em educação ambiental na graduação em educação física do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), em Volta Redonda (RJ).

Como primeira atividade proposta no ambiente virtual, os estudantes foram estimulados a ler um artigo, fazer uma postagem com suas reflexões e comentar na postagem de dois dos seus colegas. Feito isso, eles assistiram a um vídeo em grupo e tiveram que compartilhar suas reflexões. Na terceira atividade, as equipes produziram um vídeo com uma resenha de cinco minutos sobre as reflexões feitas durante a vista à estação ecológica e as questões levantadas na plataforma. Já na atividade final, foram estimulados a confeccionar um projeto sobre montanhismo e ou slackline que inclui a temática da educação ambiental.

Inicialmente, ao saberem da nova estratégia, a maioria dos discentes demonstrou curiosidade e interesse. Os acessos ao AVEA precisam sempre ser estimulados para que aconteçam de forma dinâmica e sistemática, visto que a cultura posta diz que o conhecimento vem até o aluno através do professor. As interações mostram-se reflexivas e centradas na tarefa.

Para desenvolver as atividades do projeto, contei com o apoio dos professores Cassio Martins e Marcelo Paraíso, que colaboram com cessão de horários e intervenções diretas que viabilizam muito o andamento dos trabalhos.

Poucos estudantes demonstraram um desconforto com a nova relação de aprendizagem. Isso talvez se explique devido a uma ideia educacional quadricentenária de “contrato de passividade”, onde está estabelecido que o professor ensina e o aluno aprende.

Apesar da estranheza de alguns discentes, após serem estimulados a assumir o protagonismo da sua própria aprendizagem, percebi que depois de superada essa questão, o projeto conseguiu colaborar para a formação de pessoas mais autônomas e, principalmente, protagonistas.


Sandro Jorge Tavares Ribeiro

Licenciado em educação física. Google Certified Educator (Google for Education – 09/2016 a 09/2018), coordenador estadual do PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação) no estado do Rio de Janeiro, mestre em ensino de ciências da saúde e do meio ambiente, palestrante nas áreas de educação, novas tecnologias e novas metodologias de aprendizagem. Idealizador do projeto PROFISSÃO PROFESSOR (http://www.professorsandroribeiro.pro.br/inicio).

TAGS

ensino superior, formação inicial, sala de aula invertida, tecnologia

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