Nesta semana vivemos mais uma vez o luto de perder uma vida para a violência brutal na escola. A professora Elizabeth Tenreiro, 71 anos, foi morta por um adolescente de 13 anos, aluno da escola em que ela lecionava, na zona oeste de São Paulo.
O sentimento de luto vai além da irreparável perda da vida da professora. A angústia se estende quando pensamos no futuro desse adolescente, no que o levou a executar tal ato, nos demais estudantes, professores e funcionários que vivenciaram a situação e conviverão com o trauma.
O caso torna-se ainda mais amargo quando nos damos conta de que não é um fato isolado. Desde agosto do ano passado, este foi o nono ataque a escolas executado por alunos ou ex-alunos, vitimando fatalmente sete pessoas dessas comunidades escolares.
O aumento vertiginoso do número de ataques evidencia a urgência da compreensão do problema. Apenas a partir do diagnóstico de suas causas será possível elaborar e fortalecer medidas de prevenção.
As causas, contudo, são múltiplas e complexas. Casos de ataques a estabelecimentos de ensino têm como pano de fundo o sofrimento na escola. Em geral, são alunos ou ex-alunos que sofreram bullying ou agressão e estão movidos por raiva e vingança. Eles sofrem calados, pois não se sentem pertencentes à escola ou à sua própria família.
Esses jovens acham acolhimento na cultura extremista e violenta. A radicalização e os discursos extremistas, facilmente encontrados em comunidades online, validam uma tendência de violência que esse jovem já apresenta.
Não existe solução simples para problemas complexos. Mas décadas de estudos sobre o tema, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, apontam caminhos para tentar evitar que a situação piore ainda mais.
Do ponto de vista da política educacional, deve haver o fortalecimento da formação de professores e gestores em mediação de conflitos. O objetivo deve ser viabilizar o sentimento de pertencimento, para que os alunos tenham a escola como um local de confiança. Mentoria entre pares pode ser uma estratégia eficaz, pois adolescentes tendem a dar menos credibilidade para adultos. Educação antirracista e contra a misoginia são essenciais para que jovens não sejam cooptados por discursos extremistas.
Além de políticas e ações dentro das escolas, cada adulto tem seu papel em dissipar a atual cultura de ódio que vivenciamos. As medidas se somam, visando resultados imediatos e de longo prazo. O tópico é doloroso, mas deve ser debatido. Todos somos responsáveis pela construção de um ambiente saudável e acolhedor para os jovens.
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