Educação

“As empresas complementam as políticas de educação”

Áreas de formação de professores, gestão escolar e mobilização vêm atraindo mais investimentos

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O investimento social privado vem ganhando novos contornos no país. Se na década de 90, prevaleciam os contornos filantrópicos, e as empresas buscavam ajudar a sociedade com ações paralelas, hoje essas instituições querem fazer parte da solução e, com isso, buscam alinhar sua atuação social, ampliando seu conhecimento e a interlocução com diversos atores, entre eles os gestores públicos.

O setor educacional é um dos que mais revela a guinada desse tipo de investimento. Dados da pesquisa BISC 2016, realizada pela Comunitas, e que tem como objetivo fazer o acompanhamento anual dos investimentos sociais privados no Brasil, revelam que a educação recebeu aporte de 801 milhões no ano de 2015, período base da pesquisa.

O relatório mostrou ainda que os institutos acabam concentrando mais seus esforços na educação do que as empresas, revertendo 87% do total de seus investimentos para a área.

Tendências do investimento

Para a socióloga e coordenadora da pesquisa BISC, Anna Peliano, a concentração da pauta educacional nos institutos revela um esforço próprio de qualificar essa atuação. Eles [os institutos] vêm ofertando equipes mais especializadas nas questões sociais e acumulando a expertise necessária para desenvolver as ações”, avalia.

Anna também reconhece algumas tendências em relação ao aporte do capital social privado na educação. “É inegável a contribuição com a qualidade educacional, a partir da complementação das políticas públicas, sobretudo em temas como formação de professores, gestão escolar e mobilização”.

Particularmente, a formação de professores obteve maior destaque nos últimos três censos realizados pelo Gife. Dados mostram que em 2009, 70% das iniciativas eram direcionadas para a área; em 2011, 60%; e em 2014, 63%.

Formação de professores teve aporte de 63% dos investimentos sociais em 2014

A atuação, no entanto, não coloca em xeque o dever do estado e a necessidade da formatação de políticas públicas educacionais. “Substituir o papel do Estado não é o interesse das companhias. A ideia é contribuir, somar recursos e esforços e tentar viabilizar mudanças”, analisa a socióloga.

Ganho de capilaridade

A qualificação dos professores, na perspectiva da formação continuada, é pauta da Fundação Vale há pelo menos 18 anos. O projeto “Formação de Professores”, feito em parceria com as secretarias municipais de educação do Maranhão, Pará e Minas Gerais, é voltado para a ampliação das competências dos docentes da educação infantil e da modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). Só em 2016, em educação infantil, 135 professores, gestores e auxiliares foram beneficiados.

Para a gerente de parcerias intersetoriais da Fundação Vale, Andreia Rabetim, o trabalho apoia os professores a entenderem as demandas dos estudantes e as traduzirem em práticas pedagógicas mais significativas. “Sabemos que nem sempre a formação inicial dos docentes dá conta dos desafios de sala de aula. E é cada vez mais latente a necessidade deles estarem abertos para ouvir e dialogar com a cultura trazida pelos alunos”, avalia.

A aproximação entre o terceiro setor e a gestão pública também é vista com bons olhos pela diretora da Fundação SM, Pilar Larcerda, por dois motivos principais: “o terceiro setor tem uma criatividade e flexibilidade que o poder público não tem. Por outro lado, as ações ganham capilaridade quando são incorporadas por essas gestões”, avalia.

A Fundação SM, que tem como mote de suas ações a valorização e formação docente, está à frente de iniciativas como o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos e Prêmio Professores do Brasil.

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