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João Paulo Diniz e Heloisa Morel

Esporte pode motivar alunos contra evasão e desinteresse

Há que ser criativo, transpor os muros da escola e utilizar espaços públicos

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João Paulo Diniz

Membro do conselho do Instituto Península

Heloisa Morel

Diretora executiva do Instituto Península

Há poucos meses pudemos experimentar o clima olímpico que traz aquela sensação de entusiasmo e faz com que até a mais sedentária das pessoas deseje, ainda que por impulso, praticar alguma modalidade esportiva. Quem não se emocionou com a menina Rayssa em cima do skate? Ou com Daniel Dias colecionando ainda mais medalhas na natação paraolímpica? Isaquias, Rebeca, Ítalo e tantos outros nomes que ganharam os holofotes mundiais ao trazerem para casa a tão sonhada medalha nos Jogos de Tóquio.

Fazendo um paralelo com o esporte, podemos dizer que o percurso escolar não deixa de ser uma maratona cheia de obstáculos. Como recuperar a aprendizagem de milhares de crianças e jovens após tanto tempo de ensino remoto? Como enfrentar a evasão escolar e motivar os alunos a voltarem para a sala de aula? Essas são algumas das perguntas que professores de todo o país se fazem diariamente.

Segundo pesquisa recente do Datafolha, durante o período de ensino remoto, 34% dos alunos perderam o interesse pela escola. E um dos caminhos que entendemos ser um potente aliado tanto para ​ressignificar o ambiente escolar como para estreitar vínculos é, justamente, o esporte. De acordo com a pesquisa "Desafios e Perspectivas da Educação: uma visão dos professores durante a pandemia", realizada pelo Instituto Península, 42% dos educadores reconhecem que a educação física pode ser uma forte aliada na motivação dos alunos. As evidências mostram que as atividades físicas são —ao lado das artes— um instrumento de apoio à motivação dos estudantes, inclusive no enfrentamento da evasão escolar.

É preciso apresentar às crianças e aos jovens as diversas possibilidades de saberes que podem ser desenvolvidos e que vão além do movimento do corpo, envolvendo suas capacidades cognitiva, emocional e social. De acordo com a mesma pesquisa, 62% dos educadores reconhecem o desenvolvimento de competências socioemocionais por meio das aulas de educação física, 65% na melhoria das condições de saúde e 58% no fortalecimento de vínculo dos alunos com a escola.

É evidente que sabemos que a diversidade estrutural das escolas e a ausência de espaços adequados para a prática esportiva impactam na atuação dos professores, o que pode repercutir em desinteresse por parte dos alunos. Para suplantar esses desafios, o investimento em políticas públicas se faz urgente. No paralelo desse processo, há que se transpor os muros da escola, utilizar os espaços públicos, investir na criatividade e aproximar a comunidade de modo que todos se sintam pertencentes e comprometidos com a aprendizagem dos alunos.

É urgente aumentar o engajamento e o interesse dos estudantes pela escola, e isso só vai acontecer se eles estiverem motivados. A motivação é elemento essencial para despertar no jovem a vontade de aprender e de permanecer na escola. A educação física pode ser o elo entre eles.

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