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Apresentação do trabalho pedagógico aproxima a família da escola

Transparência sobre o processo de aprendizagem constrói uma relação de confiança entre responsáveis e grupo escolar

POR:
Letícia Ferreira
Crédito: Getty Images

Na escola municipal em que Jonathan Barros trabalha há 15 anos, sete deles como diretor, a presença dos pais era distante. Foi necessário criar estratégias para entender por que os responsáveis não acompanhavam as atividades das crianças na Educação Infantil e quais eram as suas dificuldades. “Nós iniciamos um trabalho muito forte de conscientização dos pais da necessidade de estar próximos da escola. Nós não conseguimos trabalhar sem eles”, conta o diretor da EM Professor José Antônio Flygare Telles, em Castro (PR).

O primeiro passo para entender como escola e família poderiam ficar mais próximas foi uma pesquisa. O grupo escolar mapeou os motivos que afastavam pais e responsáveis da escola, buscando entender como poderiam superar as barreiras que dificultavam a participação das famílias de forma ativa na escola. A partir dos dados levantados, partiram então para elaboração de um plano de trabalho.

Com a diretora Adriane Gallo, o contato com os responsáveis começa com a organização da administração da unidade.  Em Assis, onde ela trabalha, a Secretaria Municipal de Educação determina que as escolas precisam ter conselhos participativos, com representação de pais, estudantes e funcionários. Em colaboração com os professores, o grupo escolar define quais serão os critérios de avaliação dos alunos, informações que são registradas no projeto político pedagógico (PPP) e no regimento interno da escola. Desta forma, o conselho se torna um espaço não apenas em que a família se integra mais profundamente do trabalho da escola, mas também pode ajudar a construí-lo.

O benefício é que eles se tornam parceiros da aprendizagem. Quando os responsáveis participam de reuniões, “eles já sabem de que forma seus filhos serão avaliados, quais provas e quais serão os instrumentos avaliativos”, explica Adriane, diretora EMEIF Coraly Julia Gonçalves. Isso dá insumos para que os pais possam se aproximar do trabalho pedagógico da instituição de ensino.

Planejamento faz a diferença no contato com os responsáveis
O planejamento escolar é o primeiro passo de transparência para que os pais e responsáveis conheçam o trabalho pedagógico. Na escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental em que Adriane trabalha, os responsáveis têm acesso ao calendário de reuniões bimestrais e semestrais programadas para todo o ano letivo.

O acesso ao calendário da escola é uma entre várias maneiras para manter os responsáveis cientes do que a escola está fazendo e de quando eles devem comparecem. Na EMEIF Coraly Julia Gonçalves, em Assis, Adriane deixa um quadro na porta da unidade com informações sobre os eventos, reuniões e o cardápio da merenda. E também orienta os professores a continuarem com as comunicações mais comuns.

Bilhetes e anotações nos cadernos são recursos que os professores usam com frequência e que podem manter os responsáveis próximos do processo de aprendizagem com outras iniciativas criativas. Um recurso, por exemplo, é propor atividades que os estudantes começam sozinhos e vão precisam de um adulto para completar. “Na hora que você envolver as crianças nesse processo, os pais são envolvidos automaticamente”, explica a especialista Beatriz Cortese do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

Para a especialista Beatriz Cortese, o professor precisa ter muita clareza do processo de aprendizagem para apresentar essas informações de forma direta e acessível à família. É papel da gestão cuidar desta etapa. “A escola precisa definir bem qual é a pauta de uma reunião. Os diretores e os coordenadores são responsáveis por apoiar os professores na organização desse material. É como se os coordenadores e diretores dessem as linhas”, explica Beatriz.

Uma reunião ou qualquer outro espaço sobre o trabalho pedagógico da escola exige planejamento. Isso implica pensar linguagem, enfoque do que será dito (afinal, apresentar por horas consecutivas todo o trabalho pedagógico da escola não garante que a comunidade se aproprie dele) e dar insumos para que os pais e responsáveis consigam compreender o trabalho da escola e auxiliar na aprendizagem.

Em conjunto, o grupo escolar pode identificar quais questões são importantes de serem trabalhadas dentro do contexto da escola, do propósito que se deseja com a reunião e como deve ser a abordagem. Também vale delimitar o espaço de cada conversa. Jonathan orienta seus professores a conversarem sobre problemas de aprendizagem e comportamento durante as reuniões bimestrais e poupar estes assuntos nos encontros de apresentação de resultados do semestre. “Isso evita que o pai que já não tem muita intimidade com a vivência dentro da escola deixe de vir por essa razão".

Com a família na escola, interessada em acompanhar o desenvolvimento da criança ou adolescente, cada palavra importa. “Nós mostramos para os pais que existe uma sequência de aprendizagem, um tempo para a criança ler e escrever, e nós preparamos os pais para entender o desenvolvimento dos filhos”, conta a coordenadora Daniele Freiria, que trabalha com a diretora Adriane, em Assis.

O diálogo é contínuo
Tecnologias simples são aliadas na comunicação constante entre escola e família. Na unidade municipal do diretor Jonathan, as salas têm grupos de WhatsApp para recados e comunicação de atividades. O grupo de gestão da diretora Adriane Gallo criou uma página de informações sobre as atividades da escola no Facebook.

A coordenação também pode ajudar os professores a prepararem modelos de relatórios, de acordo com o projeto de avaliação da escola, e criar soluções para que as informações fiquem mais acessíveis aos os país. Os professores que trabalham com Adriane, por exemplo, explicam aos responsáveis como usar jogos de alfabetização para que eles estudem com os filhos.

Um canal de recepção de dúvidas e sugestões para os pais é outro recurso de relacionamento para que a família continue confiando no contato que está construindo com a escola. Adriane mantém um caderno de anotações nas reuniões e incentiva os pais a deixarem os seus comentários e outras escolas podem encontrar a sua maneira de ouvir e responder os pais fora das reuniões.

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