Aprendizado adequado no ensino médio fica estagnado em 11 anos

Percentual de alunos com aprendizado adequado teve melhora no ensino fundamental

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Brasília

Os percentuais de alunos com aprendizado adequado tem aumentado nos ano iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º anos) de 2007 a 2017, mas pioram com o passar dos anos. O cenário é de estagnação, em níveis muito baixos, quando os estudantes terminam o ensino médio. 

As informações fazem parte do acompanhamento da Meta 3 do Movimento Todos Pela Educação, que monitora o aprendizado adequado dos alunos a partir de dados oficiais. Os resultados são referentes ao Saeb, avaliação federal que compõe o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). 

A prova avalias as disciplinas de português e matemática de alunos do 5º e 9º ano dos ensino fundamental e no 3º do médio. O Saeb ocorre a cada dois anos. O desempenho em matemática é sempre inferior que o de português.

Quando os últimos resultados foram divulgados, em agosto de 2018, a Folha mostrou que, em 11 anos, apenas 4 das 27 redes estaduais do país haviam conseguido fazer com que seus alunos do ensino médio tivessem avanços significativos de aprendizagem em português e matemática. 


 Entre 2007 e 2017, o percentual de estudantes com aprendizado adequado no 5º ano dobrou: em língua portuguesa passou de 27,9% para 60,7% (32.8 pontos percentuais) e, em matemática, de 23,7% para 48,9%.

Também houve avanço nos anos finais (6º ao 9º ano), mas em ritmo menor. Em português, o índice passou de 20,5% para 39,5% no período. A variação em matemática foi 14,3% para 21,5%.

“Ainda estamos distantes de garantir que todos os alunos aprendam o esperado no 5º ano, mas os avanços nos mostram que é possível virar esse jogo. Temos que olhar para as redes que estão conseguindo puxar essa melhora, para as políticas públicas que têm dado certo”, diz Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, no texto de divulgação dos dados.

O ensino médio traz os piores resultados. O mais grave é que não há tendência de melhora.

O percentual de alunos com aprendizado adequado ao fim da etapa em língua portuguesa subiu de 24,5%, em 2007, para 29,1%, em 2017. Em matemática, caiu de 9,8% para 9,1%. No ensino médio, não há Estados que podem ser destacados como exemplos, mas o movimento indica o avanço apresentado pelos alunos do Espírito Santo.

Com o melhor resultado, o Espírito Santo tem apenas 9% dos alunos de ensino médio com aprendizado adequado em matemática. Em português, a taxa é de 17%.

Já no ensino fundamental, o estado do Ceará apresenta resultados consistentes de melhoria, mesmo se tratando de um estado pobre.

De 2007 a 2017, o estado foi o que mais avançou nas duas etapas do ensino fundamental. A rede pública cearense registrou, em 2017, 39,9% dos alunos com aprendizado adequado em português no 9º ano —maior índice do país. Em matemática, o percentual ficou em 19,5%. 

O Ceará consegui implementar nos últimos anos um modelo educacional bem-sucedido, mas pouco difundido no país: um sistema organizado de colaboração entre estado e municípios, a inspiração e adaptação de experiências exitosas de escolas e a reação pedagógica diante dos resultados de índices educacionais.

"Há muitas tentativas de copiar o modelo do Ceará, mas o problema é que não copiam por completo, mas só uma parte", diz o deputado Idilvan Alencar (PDT), que comandou a secretaria de Educação do Ceará. 

"A gente mudou a lei do ICMS [municípios com melhores índices recebem mais recursos do estado], faz acompanhamento bimestral, eixos de formação de professores, material estruturado, premia escolas. Não adiante fazer só uma parte." 

O Todos Pela Educação considera como aprendizado adequado o alcance a uma determinada pontuação no Saeb correspondente a cada ano. A referência é o nível médio de aprendizado de um conjunto de países que serve de modelo de sistema educacional para o Brasil, além de uma análise de um conjunto de especialistas para chegar a uma nota.

O movimento monitora cinco metas. Além da meta 3, divulgada nesta quinta-feria (21), o Todos Pela Educação ainda monitora as taxas escolaridades de crianças e jovens entre 4 e 17 anos, de alfabetização adequada, de conclusão do ensino médio até os 19 anos e investimentos em educação.

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