Por Naiara Arpini, G1 ES


Após a polêmica gerada pela exposição de trabalhos escolares feitos por alunos que continham frases machistas, a Escola Estadual Padre Humberto Piacente retirou os cartazes do pátio da escola, segundo alunos. Além disso, a instituição apagou de uma rede social o posicionamento que havia divulgado sobre o caso, no qual dizia que abaixo dos cartazes havia um mural que valorizava as mulheres.

O caso ganhou repercussão nesta terça-feira (19), após fotos dos cartazes serem divulgadas nas redes sociais e gerarem revolta dos internautas.

Nos trabalhos feitos por estudantes do 1º ano do ensino médio e expostos no pátio da escola, havia frases como “No começo ela gosta, mas depois começa a dizer que é assédio” e “Aprenda a se vestir, se comportar e dar limites”.

Frases machistas foram expostas em cartazes em escola de Vila Velha — Foto: Reprodução/ Instagram

A adolescente que publicou as imagens, que não quis se identificar, disse ser aluna da escola, mas não da turma que fez o trabalho. Ela contou que ficou assustada aos ler as frases expostas no corredor.

“É como se estivesse culpando a gente, como se a gente não pudesse usar a roupa que quer e tivesse que ficar em casa. Eles têm que falar sobre outras coisas, mostrar maneiras de denunciar, dizer que a polícia está agindo, que as mulheres não estão sozinhas”, disse a estudante.

Após a repercussão na internet, os cartazes foram retirados do pátio, segundo a. O G1 procurou a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), que não respondeu se os cartazes realmente foram retirados. A diretora da escola também foi procurada, mas não atendeu as ligações.

Em um posicionamento feito no Facebook, na noite desta terça-feira (19), a escola justificou a situação dizendo que os cartazes foram divulgados fora de contexto e que isso teria causado um mal-entendido.

Posicionamento divulgado pela escola foi apagado nesta quarta-feira (20) — Foto: Reprodução/ Facebook

“O trabalho tinha duas partes, uma em que os alunos mostravam a desvalorização e outra em que valorizavam (dessa parte não tiraram e postaram fotos) as mulheres. Diante disso, a professora em questão fez relato sobre o assunto", dizia o posicionamento.

Uma fala da professora que pediu o trabalho escolar também foi divulgada na mesma postagem.

"Abaixo destas duas fotos tem o mural enaltecendo as mulheres e condenando as atitudes machistas muito forte atualmente. Infelizmente as fotos tiradas estavam incompletas e o projeto ficou sem sentido", disse.

O G1 pediu à Sedu que as fotos da outra parte do trabalho citado pela escola fossem divulgadas, mas a secretaria respondeu, por e-mail, que não existem outros cartazes. Depois, o posicionamento da escola foi apagado da página no Facebook nesta quarta-feira (20).

Cartaz dita regras sobre como as mulheres devem se vestir — Foto: Divulgação/Twitter

Secretaria de Educação

Na nota oficial enviada à imprensa, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que a divulgação dos cartazes foi feita de forma descontextualizada do projeto desenvolvido pela escola, cujo objetivo é trabalhar a valorização da mulher e sua colocação na sociedade, durante o mês de março.

"A Sedu destaca que envia para as escolas as diretrizes de trabalho a serem desenvolvidas e as unidades de ensino planejam suas respectivas ações de acordo com essas diretrizes. A Secretaria também informa que, para 2019, o tema será pauta de capacitações para equipes técnicas e professores. Afirma ainda que não compactua com qualquer tipo de ação discriminatória", disse secretaria.

Escola

Ao G1, na noite desta terça-feira (19), a diretora da escola Fernanda Kelly Barbosa Pires disse que, sobre os cartazes divulgados, a professora pediu que a turma retratasse, através da escrita, frases que escutavam no convívio familiar que denegriam as mulheres e o que pensavam sobre.

"O intuito da escola é entender o que eles pensam. O professor deu toda a orientação. Nos cartazes, eles colocaram também a visão deles, o que pensam sobre o assunto, e a partir disso já está começando um trabalho de conscientização, por meio de rodas de conversa, por exemplo", explicou Fernanda.

A diretora também explicou que não enxergou motivos para polêmica, pois toda a escola estava ciente sobre as atividades. "Eu, como diretora, nunca ia admitir uma exposição negativa como essa se não tivesse todo um contexto por trás", finalizou.

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