Por Mariana Gonçalves, g1 Centro-Oeste de Minas — Divinópolis


Adélia Prato escritora divinopolitana; foto de arquivo — Foto: Globo

Após a repercussão do aparente desconhecimento do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre quem é a divinopolitana Adélia Prado, uma das maiores escritoras do país, o deputado estadual Professor Cleiton (PV) propôs inserir a história de Minas nas escolas. O projeto foi protocolado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na segunda-feira (13).

Ao g1, o deputado contou que a proposta era algo que ele já estava planejando há algum tempo. Entretanto, a gafe do governador potencializou a necessidade que as escolas têm de tratar do assunto na educação.

"O que aconteceu em Divinópolis, de certa forma, potencializou em nós a necessidade de criar esse projeto de lei, que visa resgatar não só a nossa história, mas fazer com que as crianças de Minas Gerais conheçam as personalidades que são importantes e que contribuíram na música, no esporte, na poesia, na religiosidade, para o turismo, tudo aquilo que envolve a questão da mineiridade", disse.

Ainda segundo o deputado, não se trata da criação de uma nova disciplina nas escolas. A proposta é incluir na grade curricular como uma modulação de parte de um conteúdo já existente na base nacional comum curricular.

O projeto ainda não tem uma data definida para ser votado. Mas o deputado acredita que a proposta será aprovada por unanimidade.

O projeto justifica que:

  • as crianças e jovens mineiros devem conhecer e ter como parâmetro tantas histórias de sucesso. As vidas de vários mineiros, alçados como heróis pela história, não podem ser esquecidas ou desconsideradas. Devem ser ensinadas, vivenciadas e produzirem crescimento e direção aos mais jovens;
  • o fato de existirem mineiros que não saibam quem são ou quem foram essas figuras mostram que o ensino de Minas precisa ser revisto nesse ponto. A presente proposição visa trazer maior conhecimento aos jovens, crianças e adultos e maior justiça e reconhecimento a esse povo que tanto contribuiu para a história do Brasil.

Deputado estadual Professor Cleiton (PSB) — Foto: Guilherme Dardanham/ALMG

'Adélia Prado trabalha aqui?'

A gafe do governador Romeu Zema, que repercutiu nacionalmente na última sexta-feira (10), ocorreu durante a gravação de um podcast em uma rádio de Divinópolis. Zema cumpria agenda na cidade e aproveitou para dar algumas entrevistas.

Ao final do programa "Pauta Quente" o jornalista Flaviano Cunha presenteou o político com um livro de Adélia Prado. O governador folheou a obra e agradeceu.

"Muito obrigado, muito bonito o livro aqui, vou fazer bom uso com toda certeza".

Enquanto o apresentador ressaltava o interesse literário de Zema, afirmando que o político demonstrava isso nas redes sociais, ele foi interrompido pelo governador de MG com a seguinte pergunta:

"Ela trabalha aqui?

Visivelmente surpreso com o questionamento do político, o apresentador respondeu: "A Adélia Prado né, que é essa escritora muito famosa de Divinópolis, quem está te presenteando é a diretora do sistema MPA de Comunicação, Mariella Luchesi Mourão".

Zema então respondeu: "Ah tá, tá, perfeito! Muito obrigado. Vou agradecê-la aí".

Romeu Zema é presenteado com livro de Adélia Prado em Divinópolis

Romeu Zema é presenteado com livro de Adélia Prado em Divinópolis

Escritora reconhecida no país

Adélia tem 87 anos e vive em Divinópolis. Ela foi professora durante 24 anos até se dedicar por completo à carreira de escritora.

Ela foi a primeira mulher premiada na categoria Conjunto da Obra, pela contribuição à literatura brasileira, no concurso Literatura do Governo de Minas, em 2017.

Na época, em entrevista a TV Globo Minas, a divinopolitana criticou a forma como a cultura é tratada no país.

"Cultura virou luxo. E não é luxo! É comida de primeira necessidade. Qualquer nação tem sua cultura, seu ritmo, sua dança, sua liturgia e nós estamos sem isso".

Adélia Prado já foi indicada para a Academia Brasileira de Letras. Em 2001, um grupo de atores e jornalistas do Rio de Janeiro formaram um movimento para lançar o nome dela para ser uma das imortais na vaga deixada por Jorge Amado. Mas na ocasião, a viúva do escritor baiano, Zélia Gattai, acabou sendo eleita.

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