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Após denúncias de assédio, rede de escolas cria canal para recolher relatos

Hashtag #AssedioÉHabitoNoPensi ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter
Relato no Twitter Foto: Reprodução de internet
Relato no Twitter Foto: Reprodução de internet

RIO — Após uma série de denúncias de assédio na rede de escolas Pensi terem sido publicadas nas redes sociais, a instituição afirmou neste sábado que criou um canal de comunicação para recolher e analisar relatos de assédio e discriminação. Em nota, esclareceu que repudia situações dessa gravidade e informou que está apurando o caso internamente.

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A hashtag "#AssedioÉHabitoNoPensi" figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira. Nas postagens, relatos de abusos supostamente sofridos por alunas e ex-alunas e que teriam sido cometidos por funcionários e professores em várias unidades.

Bilhete que circulou no colégio Pensi via twitter Foto: Reprodução
Bilhete que circulou no colégio Pensi via twitter Foto: Reprodução

Segundo o Pensi, uma empresa especializada em lidar com situações de assédio e discriminação vai ficar responsável pelos relatos, que devem ser feitos ao Canal Confidencial Pensi . Além disso, será formado um comitê de ética que vai contar com agentes extermos e será composto majoritariamente por mulheres.

"Tal comitê será responsável pela imediata apuração dos fatos e ações rigorosas para banir casos de assédio e discriminação", diz o comunicado. "Toda denúncia será avaliada individualmente pelo comitê que, após escutar todas as partes, tomará as atitudes necessárias, que podem ter como consequências desde advertência até demissão."

A instituição disse ainda que intensificará a divulgação do código de ética, por meio de debates com colaboradores das unidades, assim como a realização de treinamentos de funcionários.

Os relatos teriam ganhado repercussão nas redes sociais depois do afastamento de duas professoras. Elas, segundo os estudantes, incentivavam alunas a entenderem o que é assédio e a denunciarem abusos. Em uma das postagens, uma ex-aluna da unidade de Madureira, na Zona Norte do Rio, descreveu situações envolvendo um professor de matemática, no ano passado. À época, ela tinha 17 anos e ouvia frases como: "Chora em toda aula minha, você fica linda chorando”; “Veio com esse decote para quê? Quer impressionar quem?".

— Os casos que eu citei foram com o mesmo professor. Mas há muitos outros sendo citados também. Nunca falei com a coordenação porque nunca adiantou para ninguém. em cheguei a comentar com meus pais — contou a jovem, que acrescentou: — No início eu achava o professor maneiro, achava que estava sendo legal. Ele inclusive explica muito bem. Só no final de 2017 que muitos começaram a comentar as coisas que ele fazia. E eu comecei a me ligar na maldade.

Procurada, a Polícia Civil informou que não houve registro de ocorrência. E, em razão disso, não "seria possível abrir um inquérito" baseado em relatos postados na internet.

Nesta sexta-feira, a rede Pensi se manifestou, frisando que o papel da escola é "lutar contra todos os tipos de assédios todos os dias" e que o assunto é debatido com frequência entre as equipes e dentro de sala de aula. Argumentou ainda que "todo e qualquer problema trazido à atenção de nossos coordenadores e diretores" é e será avaliado com a máxima seriedade. "Apuramos com profundidade e tomamos as ações necessárias".

As medidas a serem tomadas após os relatos viralizarem foram divulgadas pela assessoria de imprensa da instituição de ensino neste sábado.

Leia abaixo, na íntegra, o comunicado atualizado:

"Em relação às denúncias relatadas nas unidades do Pensi, a rede esclarece que repudia qualquer tipo de assédio e discriminação. A instituição informa que está apurando internamente as denúncias e que ações firmes já foram tomadas:

·Criação e divulgação do Canal Confidencial Pensi (helloethics.com/pensi) para relatos de assédio e discriminação, que ficará a cargo de uma empresa externa especializada em situações com esse tipo de gravidade para relatos anônimos;

·Formação de um Comitê de Ética, incluindo agentes externos e composto em sua maioria por mulheres, já que os relatos envolvem majoritariamente alunas;

·Tal comitê será responsável pela imediata apuração dos fatos e ações rigorosas para banir casos de assédio e discriminação serão tomadas. Toda denúncia será avaliada individualmente pelo comitê que, após escutar todas as partes, tomará as atitudes necessárias, que podem ter como consequências desde advertência até demissão;

·Intensificação da divulgação do Código de Ética em vigor, que será debatido em profundidade com colaboradores das unidades, assegurando que nenhuma conduta irregular será tolerada;

·Intensificação dos treinamentos relacionados às questões éticas, com foco especial na temática assédio e discriminação, ressaltando a intolerância a situações dessa natureza;

·Intensificação dos atendimentos já existentes nas unidades dedicados ao acolhimento de alunos e responsáveis, com o apoio de psicólogos externos.

O Pensi reafirma que trabalha diariamente em suas unidades e salas de aula o respeito em qualquer nível de relação e que tais condutas não refletem nem a cultura da escola tampouco representam o corpo docente. A situação está sendo tratada com a devida responsabilidade e seriedade para que casos dessa magnitude sejam banidos do ambiente escolar. A direção está disposta a liderar a discussão com a sociedade".