Por Marcel Scinocca, g1 Sorocaba e Jundiaí


Sequência de imagens mostra situação de escola de Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

A falta da verba rotativa escolar, conhecida como FRE, a antiga "verbinha", está trazendo muitos transtornos para diversas unidades escolares de Sorocaba (SP). O assunto foi tema de uma reportagem do g1, em 13 de setembro, que mostrou que 70% das unidades ainda não receberam os recursos.

O impacto da falta de recursos está em vários pontos da escola municipal João Francisco Rosa, que fica na Vila Angélica. O plano de trabalho entregue à Secretaria de Educação continha 18 itens, considerados essenciais para a unidade. Porém quase no final do ano letivo, a escola sofre com inúmeros transtornos.

Pais reclamam de falta de manutenção em escola de Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Imagens recebidas pelo g1 mostram paredes com infiltração, ralo sem tampa, mato alto, falta de pintura e ausência de manutenção em vários pontos da escola.

Unidade escolar de Sorocaba apresenta ralo sem tampa, entre outros problemas — Foto: Arquivo Pessoal

"A escola está em perigo de problema de mosquito da dengue, pois a Secretaria de Educação não retirou e deixou abandonado em local perigoso para o mosquito, entulhos (equipamentos velhos) nem mesmo autorização para vender o material e angariar uma pequena verba para fazer o básico foi autorizado", reclama Nelson Ferretti Mattucci Lamarca, que tem um filho estudando na unidade.

A Associação de Pais e Mestres da unidade escolar, da qual Nelson faz parte, fez várias tentativas junto à Sedu para tentar esclarecer o motivo pelo qual a prefeitura não fez o repasse da verba. A escola deveria receber R$ 169.039, 04.

"Com o corte do repasse, tivemos que interromper a revitalização do parque e a conclusão do tanque de areia dentre outras melhorias solicitadas pelas crianças. A Secretária de Educação em substituição não responde e-mail", afirma um dos textos publicado no grupo de pais.

Parede de escola de Soroacba (SP) apresenta falta de azulejos — Foto: Arquivo Pessoal

Uma das respostas da Secretaria de Educação para a unidade é que não havia previsão de quando a verba seria repassada.

Já a CEI 80. que fica no bairro Vitória Régia, na zona norte de Sorocaba, também está passando pelo mesmo problema. Sem o recurso, pais prepararam um documento que cobra medidas com relação à situação. Ele deve ser entregue na Câmara de Sorocaba.

Superlotação

As unidades já enfrentam vários problemas, que foram agravados com a falta de recursos. Um deles, é a superlotação. Funcionários que pediram para ter a identidade preservada relatam que cada sala deveria ter entre 15 e 20 crianças. Entretanto, há salas com mais de 30 bebês.

O resultado é a falta de equipamentos básicos para atender essas crianças. O g1 teve acesso a imagens que retratam a situação. Em um dos casos, foram adaptados colchões para o café da manhã por falta de bebê-conforto para as crianças.

"A situação está precária, uma super lotação em todas as salas, tanto que na hora da refeição tem que ser divididas as crianças, pois não tem espaço e nem mesa e cadeiras", comenta uma mãe.

Em alguns casos, o número de bebês chega a ser o dobro da capacidade. "No berçário, na sala do meu filho, tem capacidade de 20 alunos. Agora, está chegando a 38 alunos."

Sem equipamentos suficientes, funcionários de creche usam colchões improvisados em Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

"Com turmas excessivamente numerosas, os profissionais da creche enfrentam dificuldades para oferecer atenção individualizada, o que é essencial para o desenvolvimento integral dos pequenos", comenta uma funcionária da unidade.

"Além disso, a superlotação compromete a segurança e o bem-estar das crianças. Espaços físicos limitados e inadequados para a quantidade de alunos, somados à falta de recursos e profissionais em número suficiente, criam um ambiente propício para acidentes e incidentes que poderiam ser evitados e condições ideais", acrescenta.

Os pais de alunos da unidade da Vila Angélica também estão com essa preocupação com a situação. Segundo eles, a unidade deverá receber novos alunos. "Ao invés de construir novas salas ou novas escolas, pretende superlotar a JFR", reclama Nelson.

"Na questão de a secretaria colocar mais 150 alunos de outros bairros, vai atrapalhar outras questões fora o que já falei, as crianças do próprio bairro vão ficar sem vagas ou terão que ir para outros bairros. Ou seja, vão atrapalhar as crianças do bairro", afirma.

O mesmo problema ocorreu na escola municipal Matheus Maylasky. A superlotação faz com que alunos saiam para outras salas para pegarem carteiras e cadeiras para sentar, à vezes, no corredor da sala.

Aluna de escola de Sorocaba (SP), segundo pais, usam cadeiras de professores — Foto: Arquivo Pessoal

Com a situação, imagens de redes sociais mostram alunos usando cadeira da gestão ou de salas dos professores.

O g1 questionou a Prefeitura de Sorocaba a respeito da situação, mas não recebeu um retorno até a última atualização desta reportagem.

Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí

VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!