Por Sílvia Vieira, G1 Santarém — PA


Adesão do município ao programa "Fora da Escola não Pode" ocorreu durante ciclo de capacitação do Selo Unicef — Foto: Geisa Oliveira/Ascom Semtras/Divulgação

Garantir o acesso de crianças à educação e combater a evasão escolar são desafios para os municípios brasileiros. Em Santarém, oeste do Pará, a Prefeitura fez adesão nesta quarta-feira (22), ao programa “Fora da Escola não Pode”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que utiliza um aplicativo para localizar crianças que deixaram a escola e reinseri-las no ambiente escolar.

A adesão ocorreu em meio ao segundo ciclo de capacitação do Selo Unicef que iniciou na terça-feira (21), com a participação de convidados de 23 municípios da região oeste do Pará.

Na oportunidade, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, disse que o objetivo da parceria com a Unicef é fazer a busca ativa das crianças e acabar com evasão escolar na primeira infância.

“Com esse aplicativo gratuito do Unicef nós vamos fazer busca ativa para que todas as crianças possam ter o direito à educação. É uma responsabilidade nossa como gestor, e também das famílias. Queremos que os diretores de escolas também se envolvam nessa busca ativa, que conversem com os pais, para que a gente não perca essas crianças para as ruas, para as drogas. É por meio da educação que vamos garantir um futuro melhor para elas”, ressaltou Nélio.

Presente a assinatura da adesão do município ao programa “Fora da Escola não Pode”, a coordenadora do Selo Unicef no Território Amazônico, Anyoli Sanabria Lopez, disse que todo o trabalho que resultou no desenho da plataforma de busca ativa teve quase um ano de dedicação e esforços fazendo testes. E com a platarma em plenas condições de uso, está muito otimista com a adesão de Santarém.

“Eu quero ressaltar que a pessoa que faz adesão é o prefeito porque a gente quer esse compromisso político da maior autoridade do município para que esse envolva em ações concretas. Depois disso é formado um comitê de gestão que é intersetorial. É muito importante que a saúde, a assistência social e a educação trabalhem de forma coordenada para dar resultado positivo”, destacou Anyoli.

A coordenadora do Selo Unicef no Território Amazônico explicou que o Unicef disponibiliza a ferramenta de forma gratuita. Ao final, o aplicativo tem que vir acompanhado do trabalho humano, com o resultado da busca ativa. Para isso, requer treinamento que já está sendo feito, e de acompanhamento para sanar toda e qualquer dificuldade em relação ao aplicativo.

“As crianças e os adolescentes são o coração do Selo Unicef. A política pública tem que ser pensada considerando as opiniões e as proposta do público alvo, porque essa nova geração tem outro jeito de relacionar com o mundo, tem outras necessidades”, frisou Anyoli.

Avanço

De acordo com o censo do IBGE de 2010, 8.176 crianças e adolescentes de Santarém, entre 4 e 17 anos, estão fora da escola. Mas, segundo a articuladora do Selo Unicef em Santarém, Roselene Andrade, não se trata de evasão, mas de crianças e adolescentes que não frequentaram a escola por algum motivo, sequer foram matriculados.

“Nós temos uma inserção de mais de 93% de crianças e adolescentes até 17 anos de idade. Onde o município precisa melhorar é na inserção de crianças de 4 a 5 anos. Temos 73% de crianças dessa faixa etária com acesso à escola. Por isso, construir mais unidades de educação infantil é importante para atender essa demanda”, observou Roselene.

Quanto à adesão do município ao programa do Unicef, Roselene considera que Santarém avança de forma significativa nesse indicador que é obrigatório do Selo Unicef, justamente porque trata de um direito fundamental que é o direito à educação.

“Teremos técnicos verificadores, e os agentes comunitários que farão as visitas às residências, que vão fazer a busca ativa e permitir localizar essa criança que não está na escola. A partir da localização, essa criança será inserida na escola e partir de então, ela será acompanhada por um ano. Somente depois desse período é que essa criança deixará de ser monitorada”, pontuou.

O aplicativo é uma ferramenta que vai permitir que o município não só visualize o quantitativo de crianças fora da escola, mas que intervenha sobre o problema, proporcionando a reinserção das crianças nas escolas.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1