Por G1 PA — Belém


Estudantes fazem avaliação de merenda escolar e apontam uma série de deficiências no PA

Estudantes fazem avaliação de merenda escolar e apontam uma série de deficiências no PA

Estudantes do ensino médio de 15 escolas públicas da rede estadual de Belém avaliaram a qualidade da merenda escolar por meio de um aplicativo de celular, um projeto-piloto da Controladoria Geral da União, em parceria com a Universidade Federal do Pará. Os resultados apontaram situações como a falta de alimentos e cardápio deficiente nos colégios.

Na Escola Estadual David Mufarreg, na Cidade Velha, os alunos contam que contribuem com temperos para complementar a merenda.

“Às vezes eles vão na sala pra pedir tempero pro lanche senão não tem comida”, conta Raíssa Gomes, estudante. “Trago tomate de casa, limão. Minha mãe ajuda”, relata o aluno Wellington Maia.

Para monitorar essa situação, a Controladoria Geral da União, em parceria com a Faculdade de Ciências Contábeis da UFPA, adaptou um aplicativo desenvolvido na Instituto de Tecnologia de Massachusetts, dos EUA, à nossa realidade.

“A gente viu que o aplicativo se encaixava perfeitamente com o que a gente queria fazer. A gente passou um questionário pra que esses alunos preencham diariamente e avaliem a merenda”, diz Marcelo de Paula, auditor federal.

Os alunos fazem fotos para comprovarem o que é servido na escola. Felipe Ribeiro foi um dos 36 alunos selecionados que participaram do projeto piloto. “Para fazer o achocolatado, muitas vezes não vem o leite, ai acaba não tendo merenda. É muito ruim. Tem gente que vem de muito longe e acaba não tomando café em casa e fica passando fome na escola”.

Das 15 escolas avaliadas, 38% dos alunos afirmaram não ter recebido merenda entre janeiro e fevereiro deste ano, e quando eles perguntaram à direção da escola o que havia acontecido, 70% informaram que não havia nada no estoque. Ainda segundo o levantamento, quase 90% das escolas não divulgam o cardápio da semana. A Seduc já recebeu essas informações.

“São 12 fornecedores são contratados para distribuírem 39 itens da merenda escolar. Se um fornecedor não entrega um item, ele causa transtornos dessa natureza”, diz Roberto Damasceno, secretário adjunto de Logística da Secretaria de Educação do Pará (Seduc).

A CGU sugeriu providências. “Por exemplo, a ampla divulgação do cardápio de merendas, inclusive no site da Seduc; propomos a melhoria da distribuição dessa merenda para que não haja falta de alimentação; e distribuição das merendeiras para que não haja falta em nenhum escola”, diz Ana Luíza Caverzan, superintendente do CGU do Pará.

A expectativa é que a situação das escolas de Belém melhore em um ano. Mas o projeto despertou a participação dos alunos e a consciência de que eles podem melhorar a própria realidade. “Eles se conscientizaram que de podem melhorar a merenda. O projeto não é uma forma de fiscalizar, mas de monitorar e ajudar. Como se fosse um retorno nosso pra sociedade”, diz Manuele Quaresma, aluna de Ciências Contábeis da UFPA.

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