Brasil

Aplicação do Pisa é adiada para 2022 por causa da pandemia de Covid-19

Ranking mundial da Educação, o programa é realizado a cada três anos; no último, em 2018, o Brasil ficou entre os 10 piores do mundo em Matemática
Laboratórios são um dos recursos para preparar alunos para o Pisa, sistema que testa jovens de 15 anos em matemática, leitura e ciências Foto: Fernando Lemos / Agência Globo
Laboratórios são um dos recursos para preparar alunos para o Pisa, sistema que testa jovens de 15 anos em matemática, leitura e ciências Foto: Fernando Lemos / Agência Globo

RIO — Por causa das dificuldades causadas pela pandemia de coronavírus, países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) adiaram a aplicação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, sigla em inglês) de 2021 para 2022 e o de 2024 para 2025. Normalmente, os testes são aplicados a cada três anos. A cada edição, é avaliado um domínio principal, ou seja, os estudantes respondem a um maior número de itens dessa área do conhecimento. O Pisa é o ranking mundial da Educação.

"Os países membros e associados da OCDE decidiram adiar a avaliação do Pisa 2021 para 2022 e a avaliação do Pisa 2024 para 2025, como reflexo das dificuldades no pós-Covid-19", informou a nota em inglês (em tradução literal)

Em outra nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que o Pisa 2022 se concentrará em matemática, com um teste adicional de Letramento Financeiro, realizado desde 2015, e um inédito de Pensamento Criativo. Os preparativos para a avaliação estão em andamento em todos os países participantes.

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O Inep é o órgão responsável pela aplicação da prova no Brasil. O  Pisa 2025 se concentrará em ciências e irá incluir uma nova avaliação de língua estrangeira", informou a nota de Inep.

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As provas do Pisa avaliam o domínio dos alunos na faixa etária dos 15 anos nas áreas da leitura, matemática e ciências. A avaliação é aplicada em todos os países-membros da OCDE e é o mais importante ranking mundial em educação.

O Brasil teve um dos dez piores desempenhos do mundo em matemática no Pisa 2018, além de ficar estagnado no ranking de leitura e cair de posição no de ciência.

'Palpite' de Weintraub

A divulgação foi feita no final de 2019, durante a gestão de Abraham Weintraub no Ministério da Educação (MEC). Antes de o resultado ser divulgado, Weintraub afirmou que o Brasil ocuparia o último lugar no ranking na América Latina. O ministro esclareceu na ocasião que se tratava de um “palpite” dele.

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— Vai sair o (resultado do) Pisa, e o Brasil estará no último lugar da América do Sul. Nós seremos o fruto desses 16 anos de PT e de abordagens esquerdistas — criticou Weintraub, à época. — A eleição do senhor (se dirigindo a Jair Bolsonaro durante uma cerimônia no Palácio do Planalto) vai apresentar um ponto de inflexão. Infelizmente, não vamos conseguir atingir ao final do seu segundo mandato patamares como Coreia, mas vamos colocar, sim, a educação do Brasil em primeiro lugar na América Latina.

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Mesmo após a divulgação do resultado, o presidente Jair Bolsonaro usou, erroneamente, a colocação no Brasil no ranking. Durante evento, em fevereiro deste ano, Bolsonaro disse que o então ministro Weintraub era um "privilegiado", porque a área comandada por ele estava "em último lugar" e, por isso, não pode ser ultrapassada por ninguém.

Não era bem isso. A média brasileira referente ao último exame, realizado em 2018, ficou em 413 no quesito Leitura (57º do mundo), 384 em Matemática (70º) e 404 em Ciências (64º). As notas são levemente mais altas do que o último resultado, de 2015, mas insuficientes para serem consideradas um avanço, segundo o relatório da OCDE.