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Aos 17, jovem publica livro criado em centro socioeducativo e quer ser juiz

Jovem misturou texto e ilustrações para contar a própria história dentro do sistema socieducativo.  - Reprodução/TV Anhanguera
Jovem misturou texto e ilustrações para contar a própria história dentro do sistema socieducativo. Imagem: Reprodução/TV Anhanguera

Colaboração para o UOL

07/02/2022 10h11Atualizada em 07/02/2022 13h23

Um adolescente de 17 anos saiu do Case (Centro de Atendimento Socioeducativo) de Luziânia, em Goiás, no início de janeiro, após um ano e cinco meses de internação, e foi direto para o lançamento do próprio livro, no Fórum da cidade. O evento foi um marco no processo de transformação do garoto, agora focado em estudar para frequentar o curso de Direito e seguir carreira de juiz, inspirado pela magistrada que acompanhou seu caso.

Na autobiografia intitulada "O Príncipe das Grades", escrita após as aulas de EJA (Educação para Jovens Adultos) dentro do CASE, o jovem autor conta, com texto e ilustração, suas experiências dentro do sistema socioeducativo. Além disso, aborda temas como o abandono na infância, as dificuldades financeiras, o uso de drogas e a criminalidade.

"Foi tudo de repente, assim. Eu comecei a escrever, entreguei para algumas pessoas lerem e essas pessoas se interessaram e acreditaram no talento", contou o garoto em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Globo. Ele teve o rosto borrado, como forma de preservar sua imagem.

Uma dessas pessoas é a juíza Célia Lara, que ficou bastante comovida com o que leu e resolveu ajudar na publicação. A princípio, o livro seria distribuído apenas entre os internos, mas houve uma mobilização e foram impressos 800 exemplares. "Eu fiquei emocionada e comovida quando eu li a história, a verdadeira história desse socio-educando", disse a magistrada.

A atuação da juíza causou grande impacto no escritor adolescente. Hoje, o objetivo dele é seguir a mesma profissão que ela. "Tô me inspirando na doutora Célia", afirmou, à emissora. "Trabalhar, comprar uma casa, terminar os estudos, fazer faculdade de direito".

Reinserido na sociedade com uma nova visão de mundo, o jovem de 17 anos está se dedicando aos estudos e voltou a morar com a mãe, que imagina um futuro melhor para o filho. "Eu estou deixando para trás o passado. O que está acontecendo agora para nós é só gratidão mesmo, a Deus. Eu estou muito feliz por ele, é outra pessoa. Está obediente, indo para escola direitinho", disse ela.