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Artigos escritos por colunistas convidados especialmente para O GLOBO.

Por Wilson Risolia

Lei de 15 de outubro de 1827

Manda crear escolas de primeiras letras em todas as cidades, villas e logares mais populosos do Imperio.

Dom Pedro, por graça de Deus, e unanime aclamação dos povos, Imperador constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil: Fazemos saber a todos os nossos subditos, que a Assembléa Geral decretou, e nós queremos a lei seguinte:

Art 1º Em todas as cidades, Villas e logares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias.

Assim começa a Lei de 15 de outubro de 1827, que deu origem ao Dia dos Professores. Embora tão distante, nada mais atual do que “decretar” que todas as crianças e jovens têm direito às “primeiras letras”. Assim seguimos e fizemos constar na nossa Constituição.

Por que, então, em pleno século XXI, ainda insistimos em não cumprir o que está determinado desde os tempos do Império? Se entendermos o direito às “primeiras letras” como o direito à educação básica de qualidade, por que ainda temos 30% da nossa população considerada analfabeta funcional? E o que dizer dos 11 milhões de analfabetos?

Neste 15 de outubro, talvez por obra e graça do acaso, estamos vivendo uma possível mudança na forma de ver e tratar o abismo educacional que temos no Brasil. As eleições podem trazer, se assim desejarem os responsáveis pelas políticas públicas, um novo horizonte para o Brasil.

Educar, educar e educar! Estas deveriam ser as palavras de ordem. O mundo necessita, urgentemente, de pessoas melhor educadas. Pessoas capazes e sensíveis às grandes causas: clima, saúde, segurança e educação. Os verdadeiros (e únicos) itens da agenda econômica do século XXI.

E, para que isso aconteça, seremos nós, a sociedade, os artífices desse futuro. Insistir e provocar os eleitos para que incluam, como prioridade absoluta e inegociável, a agenda da educação, pilar para a prosperidade e o desenvolvimento das nações.

E um ator absolutamente indispensável para esta virada de página será o professor. Reconhecido, preparado, apoiado e comprometido com a causa. Caberá ao Estado, portanto, suprir as necessidades daqueles que estão no front todos os dias, enfrentando as agruras de uma sociedade carcomida pelo descaso e sofrida pelas desigualdades.

São esses atores que esculpirão e cultivarão os talentos das nossas juventudes e, portanto, desenharão o nosso futuro. Se entendemos assim, por que dar de ombros para essa categoria tão importante para o país?

Está em nossas mãos a escolha entre negligenciar a formação das nossas juventudes ou dotá-las de capacidades e habilidades desejadas pela nova economia de mercado. Uma economia pautada pelos avanços tecnológicos tão necessários para o aumento da produtividade do país. Quanto melhor a formação dos nossos professores, melhor será a educação das nossas juventudes.

Não precisamos inventar soluções mágicas. Basta que o Brasil aprenda com o próprio Brasil. Temos experiências de sucesso, um povo sedento pelo saber e pessoas engajadas na causa, dispostas a ajudar. Pesquisas atuais mostram que as empresas reconhecem a educação como um ativo estratégico para o desenvolvimento do país. Não é por acaso que boa parte do investimento social privado está canalizado para esta área.

Imaginemos a potência de um movimento no qual o Estado nacional e a sociedade estejam juntos com mesmo propósito. Imaginemos, agora, o resultado que podemos obter para o país se essas forças forem capazes de entregar as oportunidades que as juventudes tanto desejam.

Acreditar nessa potência me faz acreditar no Brasil.

*Wilson Risolia é diretor corporativo e de estratégias educacionais do Sesi e do Senai de São Paulo

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