RIO - Os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2017, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), de maneira geral não trazem grandes novidades quanto ao cenário da educação básica brasileira — apenas reforçam as tendências observadas nos indicadores ao longo dos últimos anos.
LEIA TAMBÉM:
Nenhum estado brasileiro atinge meta do Ideb para o ensino médio
Entenda: Por que é importante medir o Ideb?
O Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental segue crescendo desde 2005, e atingiu 5,8 em 2017. Nessa etapa, todos os estados apresentaram avanços. Já os anos finais também seguem em trajetória ascendente, porém em ritmo mais lento e em patamares inferiores, com o Ideb indo de 4,5 em 2015 para 4,7 em 2017. Por último, o ensino médio representa a etapa com menos avanços e resultados mais críticos, já que após 3 edições o Ideb segue praticamente estagnado, passando de 3,7 em 2015 para 3,8 em 2017.
Observando os resultados, é importante destacar os estados que conquistaram melhores índices em cada etapa: SP, MG, PR e SC nos anos iniciais; SP, GO e SC nos anos finais; e ES, GO e SP no ensino médio. Tais estados vêm demonstrando, de forma mais consistente, maior efetividade para materializar seus esforços, e merecem ser observados no que tange à implementação das políticas públicas educacionais.
Mas, além dessa visão mais geral, os dados divulgados pelo MEC mostram também casos cada vez mais consolidados de estados que, mesmo em contextos socioeconômicos desafiadores, conseguem ofertar em escala uma educação com qualidade semelhante à de estados mais desenvolvidos. Apesar de ser o 23º estado brasileiro em PIB per capita, o Ceará, por exemplo, registra o 6º maior Ideb nos anos iniciais, o 4º maior nos anos finais, e o 4º no ensino médio (junto com PE, DF e SC). Já Pernambuco destaca-se no ensino médio com o 4º maior Ideb desta etapa (junto com CE, DF e SC), e apresenta a menor diferença na aprendizagem entre alunos mais ricos e mais pobres também no ensino médio. Nesse sentido, também merecem destaque os resultados de Rondônia e do Acre em 2017, que estão entre os 10 maiores índices nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.
Assim, ainda que o Ideb 2017 evidencie o crítico cenário da educação brasileira, a boa notícia é que é possível avançar quando se tem políticas educacionais bem formuladas, com compromisso político para assegurar sua implementação e, principalmente, continuidade ao longo de diferentes ciclos de gestão. Por isso, é preciso evidenciar a grande oportunidade que se aproxima para a próxima gestão federal: aproveitar o início de um novo ciclo político para, enfim, lançar mão de uma estratégia nacional, pactuada e articulada entre União, estados e municípios, capaz de fazer com que as exceções passem a se tornar a regra. A hora é agora. O Brasil precisa de educação já!
* Gabriel Corrêa é Gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação