Educação

Analfabetismo cai em 2022, mas segue mais alto entre idosos, pretos e no Nordeste

Ao todo, no ano passado, eram 9,6 milhões as pessoas que são sabiam ler ou escrever

Taxa de analfabetismo das pessoas acima de 15 anos no Brasil voltou a cair em 2013
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A taxa de analfabetismo dos brasileiros com 15 anos ou mais recuou de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. Os números apontam uma redução de ao menos 490 mil analfabetos no País, chegando à menor taxa da série história, iniciada em 2016. 

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Educação 2022, divulgada nesta quarta-feira 6 pelo IBGE.

Ao todo, no ano passado, eram 9,6 milhões as pessoas que são sabiam ler ou escrever. Destas, 5,3 milhões viviam no Nordeste e 5,2 milhões tinham mais de 60 anos. 

“O analfabetismo segue em trajetória de queda, mas mantém uma característica estrutural: quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos”, observa a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy. “Isso indica que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda crianças, enquanto permanece um contingente de analfabetos, formado principalmente, por pessoas idosas que não acessaram à alfabetização na infância/juventude e permanecem analfabetas na vida adulta.”

O estudo revela que a taxa de analfabetismo de pretos e pardos é duas vezes maior que a dos brancos.

Em 2022, entre as pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais, 7,4% eram analfabetas, mais que o dobro da taxa encontrada entre as pessoas brancas (3,4%).

No recorte regional, o estudo também mostra que a taxa de analfabetismo é quatro vezes maior no Nordeste do que no Sudeste. Entre aqueles com 15 anos ou mais, 11,7% dos analfabetos estão na região Nordeste, enquanto no Sudeste o índice é de 2,9%. 

Ainda que a desigualdade se revele de forma brutal nos primeiros passos da educação formal, em 2022, pela primeira vez, mais de 50% das pessoas com 25 anos ou mais já haviam concluído o ensino básico.

O percentual de pessoas com o ensino superior completo também melhorou. Em 2019, eram 17,5% os brasileiros com segundo grau completo; em 2022, eram 19,2%. 

No recorte de gênero, as mulheres são o grupo com mais tempo de estudo. Em média, elas tinham 10,1 anos de estudo, enquanto os homens registravam 9,6 anos. 

Por cor ou raça, mais uma vez, a diferença foi considerável: 10,8 anos de estudo para brancos e 9,1 para pretos ou pardos.

Educação infantil

Entre 2019 e 2021, a taxa de escolarização das crianças de 4 a 5 anos caiu de 92,7% em 2019 para 91,5% em 2022.

Essa queda ocorreu apesar de a educação básica aos 4 anos ser obrigatória desde 2013, com progressiva adaptação das redes municipais e estaduais para acolher alunos de 4 a 17 anos.

Em um recorte regional, o Nordeste tem o maior índice de crianças nas escolas, chegando a 93,6% do total da faixa etária, superando Sul e Sudeste, enquanto o Norte e o Centro-Oeste permaneceram abaixo da média do País, com 82,8% e 87,9%, respectivamente.

Além disso, em 2022, o percentual de crianças de 6 a 14 anos na etapa adequada foi o mais baixo desde 2016. 

“Esses resultados mostram a importância da política pública de provimento obrigatório de ensino nessa faixa etária, sendo essa etapa – do ensino fundamental – principalmente ofertada pelas escolas municipais, refletindo numa elevada taxa de escolarização”, analisa a coordenadora.

Jovens

Apesar de ter havido crescimento da frequência escolar de jovens entre 15 e 17 anos, os números de abandono escolar ainda são preocupantes.

Dos 52 milhões de jovens com 14 a 29 anos, 18,3% não completaram o ensino médio, seja por abandonarem a escola antes do término dessa etapa ou por nunca a terem frequentado.

Destes, 70,9% são pretos e pardos, com idades entre 18 e 24 anos. Entre as principais razões do abandono escolar está a necessidade de trabalhar. 

Entre os entrevistados, 40,2% dos jovens responderam que precisavam trabalhar para se manter ou ajudar a família. O desinteresse nos estudos é a razão do abandono escolar de 26,9% dos jovens brasileiros. Apesar disso, um em cada cinco jovens não estudava nem trabalhava em 2022.

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