Educação
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Uma pesquisa encomendada pelo Todos Pela Educação ao Datafolha aponta que a maioria dos estudantes de 14 a 16 anos ouvidos defende algum nível de flexibilidade do currículo. Isso significa que eles querem ter a possibilidade de escolher o que estudar – em linha, argumenta a entidade, com a essência do chamado Novo Ensino Médio — e rejeitam o modelo antigo, vigente até 2017, quando todos faziam as mesmas disciplinas.

Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados desejam um currículo “flexível”. Nesse grupo, 35% preferem uma escola que ofereça, em parte do tempo, as mesmas disciplinas para todos os alunos e, em outra, a possibilidade de aprofundar conhecimentos e disciplinas de maior interesse. Outros 30% optariam por uma escola que combine uma parte com as mesmas disciplinas para todos os alunos e outra com a possibilidade de fazer um curso técnico profissional. E 35% defendem a manutenção do modelo pré-reforma do ensino médio: uma escola com as mesmas disciplinas para todos os alunos durante toda a etapa.

— A parte flexível do currículo, no entanto, precisa ter relação com a formação geral básica. É o aprofundamento do currículo obrigatório. Se não for isso, vira dispersão, o que tem se observado em várias propostas pedagógicas — afirma a Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos Pela Educação, que apoia uma base comum dos percursos de aprofundamento. — Ela precisa estabelecer conhecimentos e habilidades aprofundados em Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza, já previstas no atual modelo do ensino médio. Como esses conteúdos serão trabalhados em cada rede, caberá a cada uma delas definir.

O formato do Novo Ensino Médio tem sido debatido novamente pelo Congresso. A reforma, realizada em 2017 no governo de Michel Temer (MDB), tem sofrido pesadas críticas de diversos setores — de especialistas e pesquisadores a professores e estudantes — sob o argumento de que ela deveria ser, pelo menos, ajustada.

Entre as críticas, está justamente o fato de que a parte flexível do currículo se afastou de ser um aprofundamento das disciplinas básicas e, com isso, foram criadas disciplinas como “O que rola por aí” e “Brigadeiro Gourmet”. Assim, muitos alunos acabam cursando o terceiro ano do ensino médio — quando, no fim, é realizado o Enem — sem aulas de matérias que são cobradas na prova. Alguns setores chegaram a pedir a revogação completa da reforma, o que foi recusado por governo e oposicionistas.

— Ainda que a pesquisa não busque avaliar o Novo Ensino Médio como está hoje, que tem uma série de problemas já evidenciados e que precisam ser corrigidos, os dados reforçam que a essência, os princípios do Novo Ensino Médio, são, sim, defendidos pela maioria dos jovens que estão ingressando agora na etapa, sobretudo entre aqueles que dizem conhecerem bem o novo modelo. Mais do que isso, porém, os dados fornecem novos subsídios para aperfeiçoar a proposta legislativa que busca ajustar o modelo e que está em fase final de tramitação no Congresso Nacional — afirma Nogueira Filho.

Atualmente, o governo e o relator, o deputado federal Mendonça Filho (União/PE), ex-ministro da Educação na época da criação da reforma, estão em um impasse que impediu a votação da matéria no fim do ano passado. O principal entrave é o tamanho da formação geral básica — a parte do currículo com apenas disciplinas clássicas e que será igual a todos os estudantes. O governo propôs 2,4 mil horas. Já Mendonça defende 2,1 mil. O total de horas do ensino médio é de 3 mil horas, no mínimo.

A pesquisa do Datafolha para o Todos Pela Educação apontou ainda que a ampla maioria (81%) dos alunos escolheu apenas uma área de conhecimento para se aprofundar — desses, 36% optaram Linguagens, uma proporção bem maior do que nas outras, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática, que ficaram com 16%, 16% e 13%, respectivamente. Apenas 15% escolheram duas dessas. O restante escolheu três ou nenhuma.

A proposta do relator do tema na Câmara, o deputado Mendonça Filho (União/PE), é que cada aluno tenha, em sua parte flexível do currículo, pelo menos duas áreas de conhecimento. A proposta do governo é ter três.

O Datafolha também perguntou para os jovens que mostraram interesse em fazer um curso técnico integrado ao ensino médio se eles desistiriam dessa opção caso tivessem menos aulas de disciplinas que caem nas provas do Enem e de vestibulares. Para essa questão, 77% indicaram que ainda escolheriam fazer o técnico, e 21% disseram que abririam mão. Esses alunos também demonstram, segundo a pesquisa, disposição em ficar mais horas na escola para fazer o curso técnico.

— Estas são importantes informações na medida em que as propostas legislativas em tramitação estabelecem uma diferenciação na formação geral básica entre quem opta pela trilha acadêmica e quem escolhe a trilha técnica — diz Olavo.

O governo defende que o ensino médio integrado com um curso técnico deve ter 2,1 mil horas de formação geral básica em vez das 2,4 mil dos outros estudantes. Já o relator defende que as redes tenham liberdade para usar 300 horas das 2,1 mil que ele propõe para essa parte do currículo para aulas do ensino técnico.

O levantamento ainda aponta que pouco mais da metade (53%) dos entrevistados diz que não tem conhecimento/não está bem informado sobre o Novo Ensino Médio ou a reforma dessa etapa escolar. Entre aqueles que dizem ter tomado conhecimento sobre as mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio: 34% avaliam como “muito positivas”; 36% como “um pouco positivas”; 6% “nem positivo nem negativo”; 14% “um pouco negativo”; 6% “muito negativo”; e 4% não sabem opinar.

O Datafolha ouviu 462 estudantes de 14 e 16 anos, de escolas públicas e privadas, em todas as regiões do país. As entrevistas foram realizadas entre 29 de janeiro e 9 de fevereiro de 2024. A margem de erro é de cinco pontos percentuais (para mais ou para menos), com nível de confiança de 95%.

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