Por Naiane Mesquita, g1 MS


Estudantes da Escola Municipal Professora Ana Lúcia de Oliveira Batista, do bairro Paulo Coelho Machado, em Campo Grande, se reuniram na manhã desta sexta-feira (19), para uma exposição de arte com desenhos feitos durante o período pandêmico e as aulas remotas.

Laís aprendeu a gostar de arte ao pintar pano de prato com a avó, que faleceu recentemente — Foto: Natalia Yahn/Divulgação Semed

Nos desenhos há alusão ao uso de máscara e outras representações da pandemia. No papel, muita cor e vivências da escola e do universo familiar. Como é o caso da obra da estudante Lais de Oliveira Ferreira, 9 anos, que usou técnicas que aprendeu com a avó para criar o seu desenho. “Eu e minha avó pintava panos de prato em casa, quando ela ainda estava bem. Ele me ensinava a pintar”, relembra.

Lais continuou no ensino remoto mesmo após o retorno às aulas presenciais, porque a avó tinha problemas de saúde e apenas 20% do pulmão em funcionamento. “Faz um mês que minha mãe faleceu, ela era doente pulmonar e a médica falou que se eu pudesse evitar de mandar a Laís para a escola, seria o indicado por causa da Covid-19. Acabou que ela pegou outro tipo de doença e veio a falecer”, conta a mãe de Laís, Vanusa Barbosa de Oliveira.

Crianças criaram diferentes obras — Foto: Divulgação/Semed

Ela conta que mesmo com o ensino remoto, percebeu que a filha gostava de produzir os desenhos e se envolver com as atividades artísticas. “Esse conjunto da escola e família é muito importante. Ela é filha única e a colaboração da professora foi essencial para o aprendizado. A gente vê a dificuldade que os alunos tem, mas eles deram um apoio muito importante. A orientação dos professores foi fundamental. A Lais gosta muito da área da arte”, explica Vanusa, que atuava como comerciante, mas durante a pandemia acabou permanecendo em casa.

A estudante Ana Julia Brandão Rodrigues Vieira, 9 anos, também é uma entusiasta do processo artístico. “Eu gostei bastante de fazer o auto retrato e o que a gente pintaria se fosse no muro da escola. Achei bem legal e interessante, eu gostava de fazer as atividades em casa. Eu nunca achei que com barbante dava para fazer arte”, conta.

Ela levou a mãe, Angelina Brandão Rodrigues Vieira para a exposição. Professora, ela conta que conseguiu auxiliar a filha em casa, mas mesmo assim precisou se reinventar. “Eu acredito que por eu ser professora, eu tenha um encaminhamento mais leve, mais direcionado e mais objetivo e posso ajudar melhor o estudante. Mas, mesmo sendo professora, eu também me peguei nessa situação de mãe e, agora, temos que procurar mais materiais, ideias e sempre falar para o estudante que é um momento de estudo, que é importante e ele vai conseguir”, ressalta.

Livro e experiência na escola

A experiência na escola envolveu os alunos durante o período de aulas remotas, da educação infantil ao primeiro ano do ensino fundamental. Ao todo 556 estudantes participaram. Com o resultado, os professores escreveram o livro “Poéticas de um tempo pandêmico: Trajetórias, possibilidades e experiências no ensino de arte”, que será lançado no dia 23 de novembro, às 19 horas, auditório da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

“A ideia do livro veio a partir do conato que nós tivemos com o material produzido pelas crianças. O grande desafio dos professores no início foi elaborar atividades bastante autorais, que trouxessem esse processo de reflexão em arte e a partir desse contato com a devolutiva das crianças, decidimos então fazer uma análise dessas obras e escrever o livro sobre o resultado desse processo”, explica o coordenador da escola, Fernando dos Santos.

O material, segundo ele, é fruto do trabalho autoral dos professores e das crianças. “A grande sacada do livro, a poética do livro é esse processo de subjetividade, onde as crianças puderam se apropriar de elementos da linguagem artística e todo o contexto da pandemia”, frisa.

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