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Alunos de Escola Estadual pedem socorro

Enquanto os colégios de ensino particular investem em atividades extracurriculares e disputam sobre quem tem mais recursos tecnológicos, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Manoel Saturnino de Andrade luta para ter o básico, como mesas. A inst

Enquanto os colégios de ensino particular investem em atividades extracurriculares e disputam sobre quem tem mais recursos tecnológicos, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Manoel Saturnino de Andrade luta para ter o básico, como mesas. A instituição fica na rua Solimões, no conjunto Paar, em Ananindeua. Lá, estudam 1,4 mil alunos do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio, que utilizam as mesmas carteiras desde a inauguração do prédio, há 11 anos.

A falta de infraestrutura impede que os estudantes tenham um estudo competitivo, se comparado a outras escolas. Eles precisam se unir em grupos de dois e três pessoas para dividir uma só mesa. Desse modo, um escreve no local apropriado, mas os demais precisam se apoiar nas próprias pernas para dar suporte ao caderno. Em período de avaliação escolar, as provas são organizadas em dois turnos para cada sala, para que todos tenham um lugar onde fazer o teste.

Segundo a coordenadora pedagógica Edna Louzada, de forma emergencial é preciso pelo menos mais 150 mesas para cumprir o mínimo da demanda, apesar de que o correto seria renovar todas as carteiras e mesas. “A gente já está nessa situação há muito tempo, ficando cada vez pior porque as cadeiras só vão se deteriorando mais e não recebemos nenhuma nova”, apontou Louzada.

REVEZAMENTO

Para garantir mesa, os alunos chegam cedo, cerca de uma hora antes da aula. Eles aguardam do lado de fora da escola, embora seja uma área perigosa, até os portões abrirem, momento em que começa uma correria para pegar carteira e mesa. Chega a um ponto em que alunos de uma turma pegam as mesas de outra sala e a confusão já foi, inclusive, motivo de briga, segundo professores e alunos. Para piorar o cenário, as mesas que restam estão visivelmente desgastadas, com o material soltando e sujando cadernos e livros dos jovens.

A coordenadora do Conselho Escolar, Jeiel Costa, informa que já foram enviados inúmeros ofícios desde o ano passado para a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), solicitando providências. “A Seduc fica só na promessa. Se acabar o mês e não recebermos nem mesas usadas para garantir o estudo dos alunos, vamos considerar paralisar as atividades”, avisou.

SITUAÇÃO ESTADUAL

Segundo a coordenadora geral de Ananindeua do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), Andréa Salustiano, o estado da Escola Saturnino Favacho se repete por toda a rede estadual de ensino fundamental e médio.

Ela cita, por exemplo, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Lucy Correa de Araújo, no conjunto Cidade Nova 6, em Ananindeua, onde trabalha. Lá, não se vê reforma há 30 anos e o teto chegou a cair no início deste ano. O DIÁRIO, inclusive, denunciou, em abril, situações lamentáveis, como pilares de sustentação de madeira apodrecidos e banheiros completamente inutilizáveis.

NÚMEROS

950 escolas - É o número aproximado de instituições da rede estadual de ensino que precisam de reformas. Do total, pelo menos 90% não possuem um padrão adequado para garantir um ensino de qualidade. Pelo menos 60% das escolas necessitam de reforma emergencial. Na Grande Belém, 70% das escolas estaduais precisam de revitalização.

Fonte: Mateus Ferreira, coordenador geral do Sintepp.

Campo de futebol está só mato e lama (Foto: Ricardo Amanajás)

Jovens saem até feridos da atividade de Educação Física

A falta de mesa é só a ponta do iceberg. Outro grande problema da Saturnino Favacho é a precariedade da infraestrutura para a realização de educação física. A quadra de esportes é descoberta, tem piso irregular e há muito tempo não tem os aparatos necessários, como a cesta de basquete. Já o campo de futebol virou um grande espaço aberto de matagal. Assim, os alunos precisam ter as aulas embaixo de sol forte e ainda sob o risco de se ferir, já que muitos não têm calçado apropriado. “É muito difícil porque a gente se corta e se bate muito no mato”, contou o aluno Lucas Nascimento, 13, do 8º ano do ensino fundamental.

Por conta disso, a turma do 1º ano do Ensino Médio, por exemplo, ainda não teve nenhuma aula prática de educação física neste ano letivo. “É insuportável fazer educação física no sol de 15h, então a opção é ter aula teórica mesmo”, relatou a aluna Isabelle Barrozo, 15. Mas, como não há nenhuma sala disponível para a aula teórica, a turma e a professora têm de improvisar e ocupar uma das quatro salas em construção do colégio, que só tem a estrutura de base - sem ventilador, cadeira, quadro ou mesmo iluminação e porta. As obras dessas quatro salas, que serviriam para desafogar as turmas superlotadas e dar espaço a um laboratório, já se arrastam há cerca de cinco anos e não há perspectiva de finalização.

Na hora do intervalo, os alunos precisam comer a merenda em pé ou sentados ao chão, já que não tem um espaço específico para o refeitório e muito menos bancos para sentarem. A merenda, aliás, só chega à escola diariamente porque o diretor Alan Assunção de Paula busca pessoalmente o abastecimento, cansado de dificilmente ver entregarem a comida à escola, que também está com um dos muros caindo.

PARA ENTENDER

O que diz a Seduc?

- A Seduc informa que servidores da Diretoria de Recursos Técnicos Imobiliários levantaram recentemente informações sobre a estrutura física da Escola Estadual Saturnino Favacho, no Conjunto Paar.

- Segundo a Seduc, o projeto específico para a escola está em fase final de elaboração orçamentária dos serviços e relicitação das obras.

Os alunos bloquearam a Augusto Montenegro, para protestar (Foto: Marcos Santos)

Em outra escola, alunos sentam ao chão

A dois quilômetros da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), cerca de 50 alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Raymundo Martins Vianna bloquearam uma das vias da avenida Augusto Montenegro, em Belém, para protestar. Eles pedem melhorias na estrutura do prédio do colégio, que vem prejudicando no aprendizado. Durante o protesto, que ocorreu ontem à tarde, pneus foram queimados para impedir a passagem dos carros. O aluno do 3º ano, Erithon Santos, 18, diz que “os ventiladores de algumas salas estão quebrados. Também faltam cadeiras, que estão em menor quantidades que a de alunos. Às vezes, o pessoal tem de revezar cadeira enquanto o outro senta no chão”, contou.

(Alice Martins Morais e Emily Beckman/Diário do Patrá)

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