O estudante de 15 anos é cadeirante e tem paralisia cerebral, mas nunca perdeu a força de vontade de aprender. Hoje, ele consegue participar de todas aulas e atividades na escola graças às rampas e elevadores, que oferecem o conforto e acessibilidade que ele precisa para se locomover.

Há um mês, Pyetro frequenta a Escola Estadual "Hélio Del Cistia", em Sorocaba (SP). Com a ajuda de sua cuidadora, Isaltina Lameu Verçosa, frequenta os mesmos espaços que todos os outros alunos. Isso porque a instituição é uma das 28 da cidade que contam com uma estrutura acessível para crianças com necessidades especiais.

De acordo com a vice-diretora, Magali Moron, a escola conta com rampas, banheiros adequados para cadeirantes ou alunos com mobilidade reduzida, barras de apoio, piso podo tátil - utilizado por pessoas com visão reduzida - e carteiras inclusivas nas salas de aula.

No total, são 24 alunos com alguma necessidade especial de aprendizado, e cerca de sete que necessitam das estruturas acessíveis para transitar pela instituição. No entanto, todos os estudantes podem se beneficiar com estes recursos.

"Não é algo somente para a pessoa com deficiência, não é um privilégio exclusivo dela e, sim, de quem necessita. Se uma criança se machucou, quebrou o pé e etc., ela vai ter acesso a todos os espaços com muita facilidade", explica Queila Medeiros, supervisora de ensino, responsável pela educação especial na Diretoria Estadual de Ensino.

A educação inclusiva permite que o aluno com necessidades especiais participe das atividades no ambiente escolar, interagindo com os colegas, professores e funcionários.

O Ministério da Educação determina que o Atendimento Educacional Especializado, que aborda as questões de inclusão e acessibilidade, seja destinado a alunos com qualquer tipo de deficiência, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e alunos com altas habilidades/superdotação.

"Além da acessibilidade arquitetônica, nós temos toda uma equipe formada que dá assessoria para estes alunos. São profissionais e especialistas capacitados para dar todo o apoio que eles precisam", afirma Magali.

Uma das funções da equipe multidisciplinar é ampliar as habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia, atividade e participação na rotina escolar. O Pyetro, por exemplo, tem total acesso à quadra esportiva e consegue participar de todas as aulas de educação física.

"Ele adora brincar com a bola, se diverte muito nas aulas de educação física", afirma a cuidadora. Para os professores, a evolução é constante.

Já o esporte favorito da Tainara Rodrigues, de 14 anos, que também é aluna da Escola Estadual "Hélio Del Cistia", é o futebol. Apesar de te dificuldades para mexer as pernas, as rampas fazem com que ela chegue até a quadra tranquilamente e possa se divertir durante a aula com os colegas.

"Eu acho que todas as escolas devem ter rampas e elevadores. Eu consigo ir para qualquer lugar e faço as mesmas atividades que todo mundo, sem nenhuma dificuldade. Me sinto acolhida e incluída", afirma.

Segundo a lei e o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir todos os estudantes de quatro a 17 anos na escola e as pessoas com deficiência e necessidades especiais devem ser matriculadas preferencialmente em classes comuns.

Atualmente, Sorocaba conta com 84 escolas estaduais, sendo que 28 possuem acessibilidade. De acordo com a Secretaria Estadual de Ensino, a previsão é que outras três sejam adaptadas para cadeirantes ainda em 2023.

Já no âmbito municipal, são 117 instituições e, destas, 48 oferecem estes recursos. Ao g1, a prefeitura informou que existem projetos já prontos para que mais 62 unidades escolares também ofereçam total acessibilidade. Esses processos estão em fase de processo licitatório.

Além disso, também disse que a cidade possui mais 17 novas escolas em processo de construção e todas elas seguem projetos que contemplam todos os aspectos de acessibilidade.

Além das estruturas arquitetônicas adaptadas, é preciso que a instituições proporcionem uma experiência segura e integrada para todos os alunos, garantindo um ensino de qualidade.

"Os pais sempre procuram a melhor escola para os filhos e, quando a criança tem alguma necessidade especial, é importante que tenham a opção de uma escola com os recursos necessários. Por isso, eles se sentem muito seguros em saber que os filhos estão seguros e acolhidos", explica Queila.

"A minha esperança é que um dia a gente não precise mais falar sobre acessibilidade, educação especial ou inclusão, e nem fazer porque existe uma legislação, mas sim porque é um direito de todo mundo. Nós estamos dando passos largos e rápidos pra que isso aconteça", afirma Quenia.

Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí