Escolas estaduais de Mogi das Cruzes registram diversos casos de violência
Carro de professor roubado, agressão por parte de aluno, briga entre pai e estudante e até discussão com arma de fogo estão os casos recentes de violência praticados dentro e fora de escolas estaduais de Mogi da Cruzes. A Secretaria de Estado de Educação informou que mantém parceria com a ronda escolar da Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento no entorno das escolas.
Toda esta violência assusta os educadores. Na semana passada, o corredor da Escola Estadual Camilo Faustino foi palco de uma cena de socos, chutes e pancadaria praticada por um pai contra um aluno que supostamente roubou o celular de seu filho.
Vídeo mostra pai batendo em aluno que supostamente roubou celular do seu filho — Foto: Reprodução/ TV Diário
Uma testemunha diz que o pai do estudante se dirigia à diretoria para falar sobre o aluno infrator, no momento em que a Polícia Militar já estava na escola resolvendo uma questão de outro aluno que usava entorpecente no pátio. "A moça da limpeza, sem saber de nada, abriu o portão e o pai se aproveitou e subiu para agredir o aluno”, conta a testemunha.
Outra ocorrência data de 26 de abril, quando uma aluna arrancou parte do couro cabeludo de uma funcionária da escola Lucinda Bastos e ainda agrediu uma professora.
“Esta aluna estava com problemas e queria agredir um outro aluno. Eu fui intervir e foi quando aconteceu a agressão. Eu fui pedir para a agente escolar trancar ela do lado de fora da sala, foi quando ela arrancou o cabelo da agente”, relata a professora que preferiu não se identificar. A educadora registrou esta ocorrência, mas diz que o desrespeito dos alunos é constante.
“É agressão verbal, deboche, piadinha, aluno sem um pingo de educação, que vão para a escola para dar risada e ficar conversando o tempo todo. Essa é a realidade”, pontua.
Na Escola Estadual Comendador Koeiji Adachi, um vídeo mostra um homem com uma arma de fogo após uma briga de alunos em frente à escola. Um dos estudantes relata que os registros de violência são constantes no local. “Tem casos com sangue, brigas, ameaças e até roubo. São várias coisas”, conta.
Agente escolar de Mogi das Cruzes teve parte do couro cabeludo arrancada por aluna. — Foto: Reprodução/TV Diário
A equipe do Diário TV teve acesso a conversas de um grupo num aplicativo de mensagens em que os professores falam sobre o desrespeito e dificuldades em sala de aula. Em um diálogo, um dos educadores cita que teve o carro roubado e depois o aluno ficou jogando indireta para ela sobre o acontecido.
Um professor, que também não quis se identificar, conta que ele e os colegas estão com medo de trabalhar.
“Eu já tive objeto roubado em sala de aula. Uma pequena distração da gente e o aluno pega. Dia desses um aluno nos ameaçou, dizendo que se a gente continuasse pegando no pé dele, que iria roubar mais um carro”, relata o educador.
A aposentada Francisca Maria de Souza conta que vê muitos adolescentes fumando maconha e jogando a fumaça na cara de quem passa na rua. “A gente não vê ninguém fazer nada. É muito difícil ver uma viatura aqui. É mesmo uma raridade”, enfatiza.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que mantém parceria com a ronda escolar da Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento no entorno das escolas. Porém, na Koeshi Adashi quanto na Camilo Faustino de Mello, enquanto a equipe fazia a reportagem nenhuma viatura passou pelo local.
A Polícia Militar informou que faz o patrulhamento em todas as escolas estaduais, municipais e particulares de Mogi, não só com a ronda escolar, mas também com a Força Tática e a Rocam, que são policiais de moto.
Sobre o aluno que apanhou do pai de outro estudante na Escola Camilo Faustino e sobre o homem que apareceu armado em frente à escola Koeji Adashi, a Diretoria de Ensino disse que não tem nenhuma responsabilidade porque são fatos de natureza externa.
Em relação ao caso da aluna que agrediu uma professora e uma funcionária na Escola Lucinda Bastos a resposta da Diretoria de Ensino foi a de que os pais foram convocados a comparecer na escola, mas a família preferiu mudar a menina de escola.