Edição do dia 23/10/2017

23/10/2017 21h10 - Atualizado em 23/10/2017 21h11

Aluno que matou colegas em GO é transferido para centro de internação

O adolescente, que disparou contra seis pessoas numa escola particular em Goiânia, ainda vai ser ouvido pelo Juizado da Infância e Juventude.

O adolescente que disparou contra seis colegas e matou dois em uma escola de Goiânia foi transferido nesta segunda-feira (23) para um centro de internação.

Era 16h30 quando o adolescente de 14 anos deixou a delegacia. Um colete da polícia encobriu o rosto do jovem que, por lei, não pode ser identificado.

O adolescente seguiu de carro para um centro de internação onde vai ficar provisoriamente até uma audiência com o juiz da Infância e Juventude, que ainda não tem data marcada.

“Ele vai ficar apreendido 45 dias. Isso é provisório. O juiz vai deliberar a sentença definitiva sobre a internação definitiva, que, no máximo, será um período de três anos”, afirmou o delegado Luiz Gonzaga.

De manhã, o pai do atirador, que é policial militar, prestou depoimento durante uma hora e meia. Ele disse ao delegado que o filho nunca se queixou de sofrer bullying na escola. Contou que o adolescente pegou a arma de trabalho da mãe, que também é policial militar, em cima do guarda-roupa. Mas não soube dizer como o filho conseguiu as munições, que estavam trancadas em uma gaveta. A mãe não prestou depoimento ainda porque ficou em estado de choque e está hospitalizada.

A perícia ainda prepara um relatório sobre o ataque, mas informou ao delegado que foram disparados entre dez e doze tiros e a maioria atingiu as vítimas dentro da única sala do 8º ano do colégio.

O tablete do adolescente atirador de 14 anos foi apreendido e vai ser periciado. Nesta segunda-feira (23), a PM abriu um inquérito policial militar para apurar se houve imperícia por parte dos pais no caso.

A família de João Vitor Gomes, um dos dois adolescentes mortos, lembrou da amizade entre o filho e o atirador: “Ele não frequentava a minha casa, mas eu sabia que era amigo dele porque ele falava que eles jogavam juntos no recreio, eles estavam fazendo um projeto da escola agora juntos”, disse Katiuscia Gomes Fernandes, mãe de João Victor.

Muitas homenagens foram deixadas na porta da escola. Nesta segunda, pais e estudantes foram buscar as mochilas que ficaram para trás no dia do ataque. “No momento, agora, eu quero deixar ele à vontade. Então, estar perto dele porque nesse momento eu acho que o amor da família é o que importa”, disse Rita Valéria, mãe de um aluno.

Nesta segunda, a direção decidiu as aulas vão ser retomadas na próxima segunda-feira (30).

Três feridas no ataque continuam internadas. O estado de saúde de Isadora de Morais, que era grave, agora é regular. Marcela Rocha saiu da UTI. Lara ainda se recupera do tiro na mão. “Pensar na recuperação dos que estão internados e força para família dos que perderam seus filhos”, disse Vitor Hugo Mota, amigo das vítimas.

Hyago foi o primeiro estudante baleado a receber alta. Ele já faz planos: “Voltar a estudar, jogar bola. Agora é curtir mais, respeitar, dar valor aos pais”, disse.

O exame mostra que a bala ficou alojada no tórax, a cinco milímetros da medula óssea. “Pego a tomografia dele, fico olhando, agradecendo a Deus por a bala não ter andado mais meio milímetro, se não meu filho hoje estava na cadeira de rodas. Então eu tenho só que agradecer a vida inteira”, afirmou o pai de Hyago, Thiago Barbosa Gomes.