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Aluno que bateu em professora já tinha agredido a própria mãe

Adolescente de 15 anos cumprui trabalho comunitário obrigatório após denúncia
Professora Marcia Friggi Foto: Reprodução
Professora Marcia Friggi Foto: Reprodução

RIO — O adolescente que agrediu uma professora no município de Indaial , em Santa Catarina, já tem, pelo menos, outros dois registros por agressão. De acordo com a promotora da Infância e da Juventude Patrícia Dagostin Tramontin, o adolescente de 15 anos já cumpriu medidas socioeducativas por agredir a própria mãe e um colega de turma em outra escola. O adolescente, de 15 anos, agrediu com socos a professora Marcia Friggi, de 51 anos, após ser expulso de sala de aula.

— Ele já tem uma passagem por agressão de um colega de classe e uma que foi reclamada pela mãe dele por agressão também. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem uma gradação de medidas. A primeira delas é a advertência e a última a internação. No caso dele, já houve a aplicação de trabalho comunitário. Mas, se fez de novo, a gente percebe que não funcionou — disse a promotora.

Ainda segundo a promotora, assim que o inquérito for finalizado e encaminhado ao Ministério Público, ela irá analisar qual medida será pedida pela Promotoria.

— Preciso esperar o inquérito. Mas, quando você tem um histórico de ato infracional praticado com violência e as demais medidas não surtem efeito, a internação é uma opção. Não descarto pedir que ele seja internado, mas preciso analisar com calma o inquérito. Se for exatamente o que está sendo veiculado, pedirei a internação — disse.

Caso a internação seja pedida pelo MP e aceita pelo juiz, o adolescente ficará em um Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório até o fim da tramitação do processo. Caso o período seja superior a 45 dias, ele será liberado até obter uma decisão judicial. Caso volte ao Centro, a internação será reavaliada pela Justiça a cada três meses.

Post feito pela professora Foto: Reprodução
Post feito pela professora Foto: Reprodução

O GLOBO procurou a Secretaria Municipal de Educação e a Delegacia de Indaial nesta terça-feira, mas ninguém atendeu às ligações. Nesta terça-feira, pela manhã, a professora publicou uma foto com a frase: "Luto para uns pode ser um substantivo. Para professores é verbo". Ela não retornou às mensagens do O GLOBO.

AGRESSÃO

Na manhã de segunda-feira, a professora de literatura e língua portuguesa foi agredida por um aluno de 15 anos após expulsá-lo da sala por mau comportamento. Encaminhado para a direção, o jovem, incoformado, agrediu Friggi com um soco no rosto.

Após o ocorrido, a professora postou fotos do ferimento, acompanhado de um texto em que afirmava estar dilacerada.

"Estou dilacerada pelos meus bons alunos, que são muitos e não merecem nossa ausência", afirmou.

O jovem, por ser menor de idade, teve a agressão registrada em ato infracional por lesão corporal. Ele deve depor durante a semana.

Nesta terça-feira, a professora de Indaial foi alvo de patrulhamento político nas redes sociais. Friggi, que teve a foto do rosto ferido compartilhada mais de 350 mil vezes, recebeu centenas de mensagens de apoio, mas também várias outras que a criticaram. A maioria dos críticos acusou a educadora de ter apoiado agressões contra o deputado Jair Bolsonaro.