Por g1 RR — Boa Vista


Angel Miguel Munoz, de 9 anos, inspirou projeto "Braille no Campo" — Foto: Andrezza Mariot/PMBV

Incluir para ensinar. É desta forma que pode ser resumida a iniciativa da professora Maria de Lourdes Neiva, na Escola Municipal do Campo Leila Maria da Silveira, na área Rural de Boa Vista. Preocupada com o desenvolvimento escolar de um aluno com cegueira congenita, ela criou, do zero, um projeto de alfabetização em braille.

A inspiração do "Braille no Campo" chama-se Angel Miguel Munoz, de 9 anos, aluno do 1° ano do ensino fundamental. Migrante venezuelano, ele está em Roraima desde novembro do ano passado e hoje vive com a família na Comunidade Santa Fé.

O projeto foi lançado nesta sexta-feira (8), em alusão ao Dia Nacional do Braille. A iniciativa vai implementar ações que favoreçam a inclusão da criança, bem como, mobilizar toda a comunidade local em prol da sensibilização sobre o tema.

Uma das estratégias é fortalecer a alfabetização em braille não só de Miguel como de todas as turmas da Escola Leila Maria, que possui 93 alunos, ao todo.

A iniciativa também pretende promover atividades diversificadas no ambiente de ensino, como por exemplo, o plantio e cultivo de ervas medicinais.

Projeto "Braille no Campo" foi criado pela professora Maria de Lourdes Neiva — Foto: Andrezza Mariot/PMBV

O projeto passou a ser desenvolvido por Maria de Lourdes pouco tempo após o início do ano letivo. Durante a construção da ideia, ela procurou desenvolver algo dialogasse com a realidade do aluno, que vive em uma área de produção agrícola.

Com isso, o cultivo de ervas medicinais, carro-chefe da escola, será abordado como parte do trabalho de alfabetização em braille, alinhado aos conteúdos de sala de aula.

Para iniciar o plantio das ervas, a escola contará com a parceria do professor Jandiê Araújo da Silva, da Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

"Este ano, a escola recebeu uma criança com cegueira congênita e a partir daí é um desafio alfabetizar essa criança em braille. Daí surgiu a ideia de trabalhar o processo de alfabetização, letramento de acordo com o contexto do aluno, que é um morador do campo. Temos um cronograma bem extenso com várias atividades e o nosso carro-chefe é o cultivo de ervas medicinais, que já vamos começar na próxima semana. As crianças vão vivenciar todos os momentos da plantação, do crescimento, do cuidado e do cultivo", explicou a professora Maria de Lourdes.

Agora, com a instalação do projeto, Miguel e os colegas contam com uma sala de aula com o Espaço do Braille, com diversos materiais produzidos para ajudar na alfabetização, como caderno e caneta da pessoa cega, celas, dominó em braille, alfabeto e números em braille, Jogo da memória auditiva e muitos outros.

Projeto "Braille no Campo" foi criado para alfabetização e socialização entre os alunos — Foto: Andrezza Mariot/PMBV

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