Por Sílvio Túlio, G1 GO


Aluno enviava mensagens anônimas e se passava por alguém do sexo feminino — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil identificou um estudante de 17 anos que encaminhou ameaças de morte, via WhatsApp, a vários colegas do Colégio Estadual Olavo Bilac, onde estuda, em Goiânia. De acordo com a delegada Paula Meotti, responsável pelo caso, o menor foi ouvido na manhã desta quarta-feira (1º) na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), junto aos pais, e confirmou ser o autor das mensagens. Ele alegou que tomou a atitude por ser vítima de bullying na escola e foi liberado em seguida.

Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce) informou que está atenta à segurança e bem-estar dos alunos e está orientando os pais e responsáveis pelos estudantes. Pontua ainda que todas as equipes do órgão trabalham para garantir "um ambiente de paz e tranquilidade nas unidades educacionais".

O garoto, que cursa o 1º ano do ensino médio, prestou depoimento também na presença de um conselheiro tutelar. Ainda segundo a delegada, ele afirmou que mandou ameaças a 16 colegas, tanto de sua sala quanto de outras. A polícia, contudo, investiga se esse número pode ser maior.

"Ele afirmou que sofria bullying relacionado a sexualidade, opção religiosa e compleição física avantajada. Afirmou também que se sentia excluído na escola, que não tinha amigos e não era aceito, causando, assim, um grande sofrimento mental", disse a delegada ao G1.

Na mochila do estudante foi encontrado um livro que tem o suicídio como tema. A delegada afirmou que os pais ficaram chocados com a história. Eles disseram que não tinham ideia de que o filho passava por problemas e que a família é estruturada e amorosa.

Entre as mensagens, o estudante, que sempre se passava por uma pessoa do sexo feminino, escrevia que "teria prazer de matar todos de lá [colégio]". O adolescente chegou a dizer na delegacia que pensou em fazer algo de concreto contra os colegas, como envenená-los, mas não teve coragem de executar o plano. Por isso, optou pelas ameaças.

"Ele contou que sentia certo prazer e satisfação ao ver os colegas que praticavam bullying contra ele fragilizados e com medo ao serem ameaçados", diz a delegada.

Ele responderá em liberdade pelo ato infracional análogo ao crime de ameaça. Por ser menor, o inquérito será remetido para a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai).

Alteração de número

A responsável pelo caso disse que o adolescente conseguiu mudar o número de identificação de seu celular para tentar manter o anonimato, o que dificultou a procura por ele.

As mensagens começaram a ser disparadas no último final de semana, mas o inquérito foi aberto na terça-feira (31), quando os pais de dois alunos procuraram a delegacia para denunciar o caso. Na manhã desta quarta, outra mãe fez o mesmo. A polícia, então, começou a cruzar dados e a levantar informações em redes sociais para encontrar o perfil de quem fazia as ameaças até chegar ao adolescente.

A delegada afirmou que, apesar da proximidade entre os casos, o estudante não mencionou em nenhum momento o ataque no Colégio Goyases, onde um adolescente de 14 anos atirou contra seis colegas, matando dois e ferindo quatro --à polícia, o atirador contou que era vítima de bullying.

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