Uma câmera de segurança instalada na unidade flagrou as agressões. O caso foi registrado pela direção na delegacia e a Polícia Civil abriu inquérito para investigar. A funcionária foi afastada e pode responder por maus-tratos e tortura.

Segundo Jéssica, o vídeo feito pela câmera de segurança mostra seu filho sendo agredido. "A sensação que eu tenho agora é de revolta por ver essa cena", resssalta.

A mãe de outro aluno da escola, Valquíria Antunes da Silva, conta que o filho sempre falava que a professora batia nele e puxava sua orelha, porém não acreditava.

" Achávamos que ele estava mentindo. Eu cheguei a reclamar na escola, porém ela mesmo me disse que ele é só uma criança, que criança mente. Eu até cheguei e conversei com ele, falei para ele parar de mentir, pois isso é feio e ele parou de falar as coisas que acontecia. Daí na sexta-feira minha irmã ligou para mim dizendo que tinha que ir urgente na creche, pois tinha acontecido algo com ele. Meu filho não consegue dormir, fica gritando e assustado. E nós não acreditávamos quando ele falava. Agora eu fico nervosa, pois deixo meu filho lá. Confiava neles", relata a dona de casa.

Uma moradora, que preferiu não se identificar, diz que já havia visto a professora gritando com as crianças.

"Já teve pessoas que tiraram a criança da creche por causa disso, porém quando íamos reclamar eles diziam que não tinha acontecido nada. Já fui reclamar sobre meu filho. Ele já apareceu com hematomas no rosto, e a professora disse que ele tinha batido com um brinquedo sem querer. Agora você fica na cabeça que esse problema não é de agora, pois está assim desde o ano passado", diz.

As imagens foram divulgadas com exclusividade para a TV TEM nesta segunda-feira (9). No vídeo (veja imagens acima) é possível observar que a professora está sentada em uma cadeira com dois meninos entre as pernas. De repente, ela bate as cabeças das crianças uma na outra.

Na sequência, ela levanta, vai até outro menino e o arrasta até um grupo que brincava no chão. Segundos depois ainda empurra mais um menino que chega a cair.

Segundo o delegado Paulo Fonseca , a investigação vai apurar o comportamento da funcionária em sala de aula. Disse ainda que o vídeo será encaminhado ao Instituto de Criminalística de Itapeva. Assim que o resultado sair serão definidos os crimes que a professora deve responder.

"Já estamos investigando o caso, que inicialmente foi tratado como maus-tratos. Porém, nós estamos analisando as imagens novamente, pois acredito que ela também deve ser enquadrada em outros crimes. O que aconteceu é uma atrocidade e uma aberração, já que agride os alunos e é bem chocante", afirma o delegado.

Ainda segundo o delegado, seis mães serão ouvidas nesta terça-feira (10) e na quarta-feira (11) serão funcionários e diretora.

"A professora será última a ser ouvida. Como a escola tem cerca de 16 câmeras e que há cada três dias os arquivos são apagados, isso impede que tenhamos acesso a mais provas ou agressões piores. Algumas mães estão indo na delegacia alegando que as agressões já vinham acontecendo há meses e a diretora, de certa forma, 'abafava' as agressões. Vamos investigar isso", ressalta.

A secretária de Educação de Buri, Bárbara Patriarca, disse que uma sindicância interna foi aberta pra apurar o que aconteceu. Segundo ela, assim que soube das denúncias, a professora pediu licença médica, foi afastada do cargo e negou as acusações.

"O boletim de ocorrência foi registrado pela diretora da escola. A denúncia também foi enviada ao Conselho Tutelar que disse que irá enviar ao Ministério Público para abertura de um processo administrativo. Ela [professora] nega todas as acusações e foi afastada por licença médica, porém, mesmo que ela retorne da licença saúde, ela ficará afastada da sala de aula", conta.

Ainda segundo a secretária, a professora já responde a um processo administrativo pelo mesmo problema em outra escola, entre os anos 2014 e 2015. Na época, a funcionária levou apenas uma advertência.

O caso também foi encaminhado ao Conselho Tutelar, que fez uma reunião com os pais de alunos da escola nesta segunda-feira.

"O Conselho Tutelar já identificou as crianças envolvidas neste caso. Tanto elas quanto todos os alunos da sala vão receber um tratamento psicológico. Vamos atender também as famílias, se necessário for”, explica o conselheiro Rogério Vieira Veronezzi.