Por União Norte Brasileira de Educação e Cultura


Intercâmbio Cultural - Maceió — Foto: Divulgação

Não é nenhuma novidade no mundo da educação a importância do desenvolvimento de competências socioemocionais, como empatia, liderança, cooperação. Mas a verdade é que nunca se ouviu falar tanto na influência que esses fatores detêm no desempenho escolar. Esse talvez tenha sido o ponto de maior destaque na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada em 2017, que apresenta um conjunto de 10 competências gerais a serem construídas na Educação Básica, das quais pelo menos 4 estão diretamente ligadas ao socioemocional. A presença destas competências no currículo decorre da confluência de diversas áreas de conhecimento, como a Pedagogia, a Neurociência, a Psicologia e as Ciências Sociais. A partir de 2020, as escolas brasileiras terão de incluir tais competências nos seus programas.

O que para muitos estados representa um grande desafio a ser implantado, para o Governo Estadual da Paraíba passos concretos foram efetivados desde 2013. O estado foi o pioneiro a implantar essa metodologia, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEE). De acordo com a Secretaria do Estado, atualmente, a maioria das escolas já está trabalhando sob essa perspectiva.

Alessio Trindade, professor e secretário de Educação do Estado da Paraíba, comenta os efeitos dessa nova estrutura de ensino nas Escolas Cidadãs Integrais e no Projeto de Vida dos Estudantes. “As Escolas Cidadãs trabalham na formação de jovens solidários e competentes, com foco no protagonismo juvenil, nas competências do século XXI. Com a implementação da metodologia, houve uma diminuição das situações de violência na escola e um aumento da participação dos pais nas atividades escolares”, afirma.

Grupos Artísticos do Colégio Marista Pio X — Foto: Divulgação

No âmbito privado, algumas escolas também têm buscado adaptar-se a essa nova dinâmica. Para Lucimar Dantas, Doutora em Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, essa não é uma mudança simples, pois é preciso que haja aprofundamento nos processos educacionais, uma vez que superficialidade nas ações não vão trazer os resultados esperados.

Lucimar Dantas — Foto: Divulgação

Para a professora, colégios que trazem na sua bagagem uma formação humana como essência não sentem tanto o peso dessas mudanças porque vivem o processo de humanização e desenvolvimento das competências socioemocionais na sua própria filosofia, como é o caso do Colégio Marista Pio X, que há 91 anos forma cidadãos na Paraíba. “Escolas como o Marista, que têm a formação de pessoas centrada em valores, já trabalham sob essa perspectiva e, nesse momento, só passam por um processo de sistematização do trabalho. Então, é muito mais fácil adequarmos a construção das competências socioemocionais exigidas pela BNCC”, afirma a vice-diretora educacional do Marista Pio X.

Momento de Oração - Intercâmbio Esportivo — Foto: Divulgação

A escola, ao longo do tempo, já detém uma filosofia que trabalha a sua pedagogia de maneira própria e assertiva, fazendo uso, na base curricular, de dimensões esportivas, culturais, espirituais para que os alunos desenvolvam mais que o aprendizado de disciplinas. “Esta dimensão da pessoa, as emoções e a subjetividade, precisa ser bem trabalhada, e o Marista, como Instituição, sempre fez isso como diferencial educativo. O que mudou foi que o trabalho com esse tema acontece de forma mais estruturada, intencional e planejada para atender à construção de competências específicas”, completa Lucimar.

Além desses pilares, a escola concentra, em suas ações, práticas bem direcionadas que vão desde a adoção de livros didáticos e paradidáticos voltados para essas competências e habilidades até projetos bem mais elaborados que trabalham as emoções de maneira transversal com outros componentes curriculares. A interação mantida com as famílias também é fundamental para o florescimento do processo de aprendizagem dos educandos, já que seu desenvolvimento ocorre, nos diversos espaços que essas crianças e adolescentes frequentam.

Alcançar resultados cognitivos e emocionais: desafios para a educação atual — Foto: Divulgação

Para Hellen Y Plá Trevas, mãe dos alunos maristas Davi Y Plá (15 anos), do 1º ano do Ensino Médio, e Miguel Y Plá (7 anos), do 2º ano do Ensino Fundamental, é possível, através dessa parceria, a formação de um ser humano pleno, agente ativo na sociedade e capaz de aplicar os conhecimentos adquiridos de forma hábil e emocionalmente inteligente. “Percebo com muita satisfação o trabalho do Marista Pio X na construção dessas habilidades socioemocionais, tendo em vista que a proposta da escola visa à formação integral dos seus alunos, objetivando muito além da transmissão de conteúdos”, comenta.

Campeonato de Futebol de Campo — Foto: Divulgação

Como pode-se perceber, tanto a escola quanto a família são parceiras em fomentar essas competências. A responsabilidade da escola é promover o desenvolvimento das competências socioemocionais através de um currículo eficaz. Já as famílias devem assumir o seu papel mais ativo e ajudar a criança e ao adolescente a lidar com alegrias e frustrações diariamente por meio do diálogo. É importante estabelecer conversas sobre emoções, sentimentos e comportamentos, para que os estudantes compreendam os impactos que uma atitude negativa ou positiva traz.

De acordo com a psicóloga e orientadora educacional, Girlene Vieira, bons exemplos também servem como recursos de aprendizagem promovidos no âmbito familiar, sobretudo, diante das crianças, pois boa parte dos traços comportamentais e psicológicos são apreendidos por elas por meio da observação e imitação. A psicóloga ressalta que outro aspecto tão importante quanto o diálogo e o exemplo é ajudar no desenvolvimento da autoconfiança dos filhos. “Os pais são figuras de referência, então acreditar e valorizar o potencial que o filho tem é importante para uma autoimagem positiva dos relacionamentos, de uma forma geral”, conclui.

Alcançar resultados cognitivos e emocionais: desafios para a educação atual

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