Aglomeração, máscara que não embaça o óculos e muito álcool gel... Repórter conta como foi fazer o Enem da pandemia
"Dois ventiladores de teto tentavam dar um alívio, mas sem sucesso. Uma da medidas sanitárias é evitar ambientes fechados com ar-condicionado. Da janela aberta nenhum vento ajudou nessa missão"
Raphael Kapa
24/01/2021 - 05:00
/ Atualizado em 24/01/2021 - 16:03
RIO — O Enem, a cada ano, apresentava um amadurecimento na segurança, mas justamente no ano da pandemia, não foi isso que foi visto. No último domingo (17), ao fazer a prova, foi possível perceber as fragilidades na aplicação do exame. Na entrada, poucos candidatos conversando e a maioria já tinha ido para a sala faltando meia hora para o fechamento dos portões. Porém, o primeiro risco já aparecia: alunos esperavam em uma fila única para usarem o elevador.
Com um calor de 40ºC, em nenhum momento foi medida a temperatura de quem entrou no local. O ministro Milton Ribeiro já havia dito que não garantia essa medida, mas epidemiologistas indicavam que era o mínimo a ser feito. Com seis andares para subir, entrei no elevador com mais cinco alunos, dois com a máscara sem cobrir o nariz.
Na porta da minha sala, ao contrário de outros anos, não passei por detector de metais — só usados neste ano no acesso ao banheiro. A fiscal pediu meu documento e que eu retirasse a máscara brevemente para conferir com a foto. A identidade com 16 anos não ajudou muito 15 anos depois, mas ela acreditou.
O celular foi guardado em um saco e me foi oferecido álcool em gel antes de entrar na sala.
Dentro, ficou evidente que o distanciamento social não foi respeitado. A distância entre as cadeiras era menor do que um metro, mas foi possível ficar afastado em função ds abstenções: das 24 cadeiras, somente 13 estavam ocupadas.
Dois ventiladores de teto tentavam dar um alívio, mas sem sucesso. Uma da medidas sanitárias é evitar ambientes fechados com ar-condicionado. Da janela aberta nenhum vento ajudou nessa missão. Um estudante contava, antes da prova começar, que fez uma série de testes com máscaras para ir com uma que não embaça os óculos, os outros enfileiram as garrafinhas de água ao lado dos frascos de álcool em gel.
Quando a prova começou, uma mudança no procedimento: o caderno já não estava mais personalizado e, agora, o candidato tem que marcar a cor do seu caderno de questão, caso contrário, não terá seu exame corrigido.
Poucos alunos saíram com duas horas de aplicação, a maioria ficou até o final e, na sala que estava, todos mantiveram a máscara. Na saída, às 18h30, quando pode levar o caderno de questões, uma nova aglomeração com um “boa sorte” do porteiro da universidade. Neste ano, esse desejo vai além do resultado do exame.