Alunos entram em escola do Amazonas após abertura dos portões para Enem 2020 — Foto: Matheus Castro/G1 AM
O adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 para o ano que vem pode fazer com que as universidades federais, que atualmente utilizam a nota da prova para selecionar novos alunos, gastem R$ 500 milhões para a criação de vestibulares próprios.
É o que mostra um estudo divulgado pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil.
LEIA TAMBÉM:
- FIES, PROUNI E SISU: veja cronograma do 2º semestre
- REDAÇÕES NOTA MIL: leia exemplos no Enem 2020
- 'ULTRAPASSADO': veja críticas ao modelo atual do Enem
Como o edital do Enem ainda não foi publicado, não se sabe quando a prova será aplicada.
Documentos internos obtidos pelo G1 mostram que a avaliação estava marcada para 16 e 23 de janeiro de 2022 — mas o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirma que são apenas "conversas de bastidores". Segundo ele, a prova deverá ser feita em "outubro ou novembro" de 2021.
Pela análise do Semesp, marcar o Enem para o ano que vem pode inviabilizar:
- o uso da nota da prova no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que aprova alunos para estudarem em universidades públicas;
- o ingresso em universidades privadas que usem toda ou parte da nota do Enem em seus processos seletivos;
- a implementação das edições de 2021 do Programa Universidade Para Todos (Prouni, que dá bolsas em instituições de ensino privadas) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies, usado no "empréstimo" de dinheiro para o pagamento de mensalidades).
“Considerando todos os ingressos em instituições públicas federais, estaduais e municipais, e também em privadas, incluindo Prouni e Fies, são mais de 1,1 milhão de alunos que ficarão sem aulas [em 2021], aguardando a definição do Enem", diz Lúcia Teixeira, presidente do Semesp. "Fora estruturas físicas e corpo docente, que ficarão ociosos sem esses alunos."
Diante disso, neste mês, o Semesp enviou três ofícios ao Inep e aos Ministérios da Educação e da Economia, solicitando o não adiamento do Enem.
O G1 entrou em contato com o Inep para saber a data de publicação do edital da prova, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Enem 2020 já foi adiado
Por causa da pandemia de Covid-19 e pelos riscos de contaminação nas salas de aula, o Enem 2020 foi aplicado em janeiro e fevereiro de 2021.
Com o adiamento, o Prouni e o Fies usaram notas de edições anteriores da prova no processo seletivo, e o Sisu foi transferido para abril, atrasando o início do ano letivo.
A edição foi marcada por problemas logísticos (alunos barrados na sala de prova) e altos índices de abstenção.
Vídeo
Abaixo, assista a um vídeo com dicas de uma candidata que tirou nota mil na redação do Enem 2020:
Redação do Enem em 1 Minuto: jovem que tirou nota mil dá dicas para escrever um bom texto