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Adaptação após o bullying
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Adaptação após o bullying

Após o trauma, crianças e adolescentes podem encontrar dificuldade na socialização em uma nova escola. A solução do problema está na escuta, apoio e compreensão por parte da família e do colégio
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A mudança de escola sempre envolve muita expectativa. Ainda mais quando o estudante vem de um histórico de bullying. Deixar pra trás o ambiente que envolvia a agressão nem sempre resolve o problema.

 

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC) Rita Vieira de Figueiredo explica que o impacto do bullying na vida da criança pode variar e a forma como a família lida com isso influencia. Para ela, PhD em psicopedagogia, a forma mais adequada de ajudar a vítima na adaptação em uma nova escola é conversar sobre o assunto com coordenadores e professores, para que eles possam estar atentos. “A criança que sofreu bullying deve se sentir acolhida”, afirma.

Rita aponta que, independente da idade, o bullying pode ser “devastador”. Mas é sobretudo na adolescência que a situação pode ser mais crítica. A agressão, no momento da vida em que o indivíduo busca se abrir para o mundo, afeta em cheio sua autoconfiança. “É importante conversar com esse adolescente, tanto a escola quanto os pais. Dizer ‘nessa escola você não vai estar sozinho’”, diz.

 

“Um dos pontos interessantes é o pai se colocar na posição do filho e ver como pode ajudar”, ensina a fundadora da Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEC), Tania Paris. No processo de socialização, ela conta que o estudante pode ficar tímido e ter dificuldade em fazer novos amigos. Os pais podem ajudar nesse processo fazendo um “faz de conta de apresentação” e incentivando à vítima levar novos colegas para casa.

 

Quando descobriu que seu filho sofria bullying, a professora de 37 anos – que optamos por não identificar para preservar a criança – procurou o colégio. Mas como não houve forma de reconciliação, a mãe preferiu levar o menino, então com 6 anos, para a escola em que trabalhava. “Ele ficou muito feliz quando mudou. Eu orientei no sentido de ele sempre procurar professor, orientador, ou mesmo a mim, para pedir ajuda”.

 

Mesmo se adaptando à nova escola, ele passou anos com medo de ir ao banheiro sozinho ou de escuro devido ao bullying que sofreu. “Foram anos de conversa, ele até fez terapia”. Mas comemora: “Ele é muito querido por todos na nova escola, tem muitos amigos. Hoje ele se sente feliz".

 

DICAS PARA PAIS

 

CONVERSE COM EDUCADORES

É importante manter uma relação próxima com a escola. Coordenadores e professores devem saber do histórico da criança ou adolescente para que possam estar atentos a novas ameaças. Com esse aviso, uma brincadeira entre alunos pode ser vista com outros olhos.

 

ACOLHA SEU FILHO

A criança ou o adolescente que sofre bullying tem sua autoestima e autoconfiança abaladas. É importante que os pais acolham esse momento. A escuta é a principal ferramenta; evite dizer o que seu filho deveria ter feito ou dito na ocasião.

EVITE A SUPERPROTEÇÃO

A preocupação de alguns pais com a adaptação do filho pode tender à superproteção. Os pais devem “equipar” a criança ou adolescente para essa mudança, mas não tomar para si a tarefa de superar o bullying.

 

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