Brasil Educação

‘Acreditamos em fazer para aprender’, diz fundador de projeto que reúne ensino e tecnologia

Fabio Zsigmond participará do evento Educação 360 Jovem
 No MundoMaker, crianças, jovens e adultos aprendem robótica e programação e colocam a “mão na massa” Foto: Divulgação / .
No MundoMaker, crianças, jovens e adultos aprendem robótica e programação e colocam a “mão na massa” Foto: Divulgação / .

RIO- Administrador de formação, Fabio Zsigmond é, acima de tudo, um apaixonado por educação e tecnologia. Há pouco mais de dois anos fundou o MundoMaker, espaço que conta com cursos de programação, robótica, fabricação digital e “mão na massa” (quem passa por lá pode aprender a usar ferramentas de oficina, máquina de costura, solda, lixadeira...). Zsigmond é também diretor voluntário do Projeto Âncora. A organização sem fins lucrativos abriga uma escola inovadora, em que os alunos aprendem por meio de projetos. O empreendedor vai falar sobre essas experiências no Educação 360 Jovem , no próximo dia 16. As inscrições estão abertas a partir desta quinta-feira no site . O evento é uma realização O GLOBO e Extra, com patrocínio da Fundação Telefônica, apoio de mídia de TV Globo e Futura e apoio de Unesco, Unicef, Instituto Inspirare e Companhia das Letras.

O senhor vai participar do debate sobre inovações nas práticas pedagógicas e sobre interesses dos jovens. Como acha que os estudantes querem aprender?

Esta não é uma pergunta simples. Por um lado, você precisa entender quem é aquele jovem e o que ele quer. Ao mesmo tempo, não é só o que ele quer, há um objetivo de aprendizagem. É preciso haver diálogo e negociação para se chegar a um lugar comum. Se você trabalha com atividades que não fazem sentido algum para os alunos, ninguém aprende.

Como funciona o MundoMaker?

A ideia surgiu para trazer uma forma prática de educação em que se escuta o aluno e se oferece a ele a possibilidade de transformar ideias em realidade. Praticamos a educação integral, o que, no nosso olhar, é a relação do indivíduo em três instâncias: dele consigo mesmo, dele com os outros e dele com o mundo. Hoje, você tem que saber se relacionar. E precisa também saber como funciona o mundo digital, para não ficar sujeito a manipulações. Desenhamos a metodologia do MundoMaker a partir da educação integral e de um letramento digital amplo. Nas nossas unidades próprias oferecemos cursos extracurriculares. E nossa grande missão é entrar na educação formal, nas escolas. Temos uma consultoria para pensar na adaptação do espaço, na capacitação de educadores, no currículo, e ainda disponibilizamos um kit com todo o material necessário.

Como se pensa em um currículo para a escola que não fique preso aos conteúdos que serão cobrados em um vestibular, por exemplo?

Cada projeto de educação tem que ser pensado a partir de seu propósito e para quem ele é feito. Quem são os alunos e suas famílias? Há aprendizagens inquestionáveis, que são ferramentas para navegar na vida. Por exemplo: é preciso saber se expressar bem em sua língua, ou seja, você tem que ter um bom português falado, escrito e lido. É necessário que cada instituição educacional pense nos objetivos da sua comunidade. Hoje você tem a Base Curricular, que mostra o básico a ser ensinado e dá espaço para que cada comunidade seja ouvida. As pessoas vão ter que pensar nos conteúdos que tragam aprendizagens úteis para os estudantes de cada região. Outra questão é a forma de oferecer os percursos de aprendizagem. Há metodologias que fogem do tradicional, você pode trabalhar com projetos, por exemplo.

Como funciona o trabalho por projetos?

Vou dar um exemplo do Projeto Âncora. Com a grande crise hídrica que São Paulo viveu, um professor chamou a atenção de um aluno que brincava com um esguicho, dizendo que ele não podia gastar água daquela forma. A partir desse episódio, o aluno resolveu fazer um sistema de captação de chuvas. Estudou geografia para entender a ocupação daquele espaço, matemática para calcular volume de reservatório e compreender índices pluviométricos... Aquele estudante ainda teve que lidar com fornecedores, o que exige habilidades socioemocionais. São muitos os conhecimentos acionados para um único projeto.

Como são formados professores para trabalhar assim?

Tudo é um processo. Falamos muito no MundoMaker em fazer para aprender. Os educadores geralmente se baseiam na forma como eles próprios aprenderam. E a grande maioria aprendeu pelos métodos tradicionais, não por projetos. É muito difícil dar esse salto, aprender a fazer isso na teoria e aplicar na prática. O professor precisa mudar seu olhar interno, ver a si mesmo como aprendiz. Ele tem suas competências, mas há muito o que aprender. Na escola, as pessoas passam 12 anos se preparando para uma prova. Se você pensar alto sobre isso, pode acabar se perguntando: “Será que isso é o melhor para o meu aluno?”.

O EVENTO

Pela primeira vez, a plataforma Educação 360 realiza um evento voltado para o tema juventude. Os debates, que reúnem no palco nomes de destaque do setor e os próprios jovens, serão sobre currículo escolar, metodologias e as formas de participação dos alunos.

Quando e onde:

Dia 16 de abril, a partir das 8h, no Museu do Amanhã (Praça Mauá 1, Centro).

Como participar:

As inscrições serão abertas hoje e podem ser feitas pelo site. Elas são por turno: manhã ou tarde; ou manhã e tarde.

A entrada é franca.

Programação:

Entre os debatedores que participarão do evento estão Ítalo Dutra, chefe de educação do Unicef, Carolina Fernandes, do Todos pela Educação, e Gabriel Medina, do Instituto Unibanco. A programação completa está no site do evento.