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Acesso à internet sem fio cresce nas escolas públicas, mas velocidade é desafio

Acesso à internet sem fio cresce nas escolas públicas, mas velocidade é desafio

O uso da rede Wi-Fi subiu de 84% em 2015 para 91% no ano passado. Conexão de 45% das escolas ainda não ultrapassa a velocidade de 4 Mbps

PAULA SOPRANA
03/08/2017 - 10h38 - Atualizado 03/08/2017 19h02

O acesso à internet nas escolas públicas brasileiras está quase universalizado. Das instituições ouvidas pela TIC Educação 2016, pesquisa divulgada na manhã desta quinta-feira (3) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet, 95% das escolas dispõem de acesso, 2 pontos porcentuais acima da pesquisa realizada em 2015. O uso de internet sem fio cresceu 7 pontos porcentuais em relação ao ano anterior (de 84% para 91%).  

A velocidade, no entanto, ainda é um desafio a ser considerado na revisão de políticas públicas para a educação: 45% das escolas públicas ainda não ultrapassaram 4 Mbps de velocidade de conexão, enquanto 33% delas possuem velocidades de até 2 Mbps. Em 2014, 41% tinham a principal conexão à rede com até 2 Mbps de velocidade. Em 2013, essa proporção era de 50%.

Os dados dessa pesquisa servirão de base para a reavaliação dos pilares elaborados pelo Ministério da Educação, que deve priorizar o aumento da velocidade, bem como a medição da qualidade em seu novo plano. Em relação à infraestrutura, as escolas públicas perdem para as particulares, que já podem focar seus esforços na elaboração de novas práticas de ensino com o uso da internet. “O ProInfo [Programa Nacional de Tecnologia Educacional] tem sucesso porque existe banda larga na escola, mas 2 Mbps não são suficientes para 500 alunos. É impraticável”, diz Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br. De acordo com duas referências internacionais (como o projeto Education Superhighway ou o eLearning Industry), uma média de banda larga ideal por aluno para atividades regulares baseadas em TIC em sala de aula varia de 64 kbps a 250 kbps. A média da conectividade nas escolas brasileiras é de 16 kbps por estudante, inferior à de vizinhos como Chile ou Uruguai.

Em 2016, cresceu o número de acesso na sala de aula: de 43% para 55%. Já os laboratórios de informática estão presentes em 81% das escolas públicas, mas em 2016 esse espaço se encontrava em uso em apenas 59%, segundo os diretores. De acordo com a pesquisa, 40% dos docentes usuários de internet afirmam utilizar o computador em sala de aula para atividades com os alunos, e somente 26% dizem que se conectam à internet nesses episódios.

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O objetivo da pesquisa do Cetic.br é identificar a infraestrutura, os usos e a apropriação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nas escolas brasileiras, tanto na prática pedagógica quanto na gestão escolar. A pesquisa incluiu 1.106 escolas públicas e privadas, com turmas do 5º ao 9º ano do ensino fundamental e/ou do 2º ano do ensino médio de todas as regiões brasileiras localizadas em áreas urbanas, que correspondem a 80% dos alunos brasileiros.

Velocidade predominante ainda é baixa nas escolas públicas brasileiras (Foto: Getty Images)







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