Brasil Educação Enem e vestibular

'Abri mão de ter acesso à prova do Enem', diz ministro da Educação

Ministro afirma que a o governo não interferiu nas questões da prova
Ministro da Educação, Milton Ribeiro, comenta crise do Enem durante comissão da Câmara Foto: Inep / Divulgação
Ministro da Educação, Milton Ribeiro, comenta crise do Enem durante comissão da Câmara Foto: Inep / Divulgação

BRASÍLIA — Em meio a polêmicas a respeito da formulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, participou da Comissão do Pacto Nacional pela Educação, na manhã desta quarta-feira. O ministro compareceu à sessão por espontânea vontade e foi questionado a respeito das denúncias de pressão política na construção do exame .

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— Eu creio que o que causou muita apreensão foi uma frase do senhor presidente da República que disse que o Enem tem a cara do governo . E eu respondi: ‘tem a cara, sim, do governo’. Em que sentido? No sentido de competência, honestidade, seriedade, essa é a cara do governo, é a cara do nosso governo — disse.

O Enem tem sido alvo de polêmicas desde que 37 funcionários do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela formulação da prova, pediram exoneração com a justificativa de "fragilidade técnica e administração da atual gestão do Inep". Além disso, os ex-funcionários também denunciaram interferência política na formulação do exame.

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— Com relação à prova do Enem, a possibilidade de qualquer interferência está totalmente fora de contexto. Embora, até por ordem ou por questão de hierarquia, eu pudesse ter acesso (à prova), eu abri mão disso considerando as polêmicas que poderiam gerar. Em nenhum momento houve interferência na quantidade, na qualidade (das questões). Essas questões fazem parte de um banco de questões que já foi preparado em outras questões. Nós só tivemos uma comissão que escolheu as questões.

O ministro fez referência à reportagem divulgada pelo jornal Estadão na manhã desta quarta-feria. A publicação dizia que o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Anderson Oliveira, excluiu 24 itens da prova após uma “leitura crítica”, sob o argumento de serem itens “sensíveis”. Segundo o jornal, o Inep começou a imprimir o exame com antecedência, algo que não era feito antes. O procedimento tem como objetivo permitir que mais pessoas tenham acesso à prova antes da aplicação aos alunos.

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O ministro voltou a afirmar que os pedidos de exoneração dos funcionários do Inep aconteceram por uma "questão administrativa, de pagamento ou não de gratificação". Ele também garantiu, mais uma vez que as provas do exame foram impressas há três e que a aplicação do Enem não será adiada.

— Nós estamos discutindo algo que não aconteceu. Nós vamos pegar a prova e vamos ver se existe ali alguma questão de cunho ideológico contrária àquilo que nós tivemos no passado — o ministro afirmou, entretanto, que ainda não viu a prova.

Milton foi convidado a comparecer na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para explicar as denúncias de assédio moral e os pedidos exonerações ocorridos no órgão.