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A revolução do YouTube nas salas de aula

Gero Schliess (fc)

06/06/2019 13h27

A plataforma de vídeos desempenha um papel crucial no aprendizado, mas passa quase despercebida por pais e professores. Estudo mostra que metade dos alunos usa o YouTube nos estudos, o que tem consequências pedagógicas.O YouTube é conhecido principalmente como paraíso de videoclipes, tutoriais de beleza e canais de fitness. Nos últimos anos, a plataforma se mostrou também um instrumento poderoso de influência no debate político. Além disso, um novo estudo com 800 estudantes na Alemanha chegou à conclusão de que o YouTube se tornou um lugar onde se promove a educação.

Quase 50% dos alunos alemães ouvidos pelo estudo utilizam a plataforma digital para a aprendizagem e apreciam a grande variedade de vídeos explicativos. Ou, como aponta o Conselho Alemão de Educação Cultural, que encomendou o estudo, "o YouTube tornou-se o principal espaço cultural digital dos jovens".

Na apresentação do estudo em Berlim, Thomas Krüger, presidente da Agência Federal Alemã para a Educação Política, criticou o fato de a dimensão pedagógica deste uso autônomo do YouTube ainda não ter sido reconhecida.

"A recepção autônoma de um novo meio pelos estudantes está se tornando cada vez mais importante. No entanto, os pais e professores o subestimaram fortemente", frisa Krüger. O fato de os hábitos de aprendizagem dos jovens terem mudado de forma tão drástica passou quase despercebido. E mais: uma revolução pedagógica aconteceu em silêncio.

De acordo com o estudo, os alunos usam o YouTube principalmente para rever conteúdos que não entenderam na sala de aula. Lá os alunos também encontram informações para fazer o dever de casa, aprofundar conhecimentos gerais e se preparar para provas. A plataforma também é fonte de inspiração para as aulas de música, artes e teatro. Portanto, de acordo com a pesquisa, não é surpresa que, além dos fatores entretenimento e diversão, o YouTube seja apreciado também pela criatividade e pela forma como produz conhecimento.

Mas essa mudança de hábitos de aprendizagem também precisa ter consequências para a formação de professores, dizem os autores do estudo. Os professores precisam se manter atualizados quanto ao YouTube e outras mídias sociais e, além disso, integrar cenários de autoaprendizagem e autorrecepção à pedagogia convencional.

Se a aprendizagem autossuficiente continuar nesse ritmo, os professores assumirão cada vez mais o papel de coach de educação, afirmam os especialistas do Conselho para a Educação Cultural.

Senso crítico

Os professores também devem ser parceiros dos alunos na avaliação crítica sobre os vídeos da internet. Tal como acontece com as notícias, não é fácil verificar a veracidade e avaliar a qualidade dos vídeos educativos. Uma pessoa que topa com um vídeo ruim sobre como tocar violão, acaba aprendendo errado a como tocar o instrumento. Segundo os autores do estudo, os alunos também precisam ser sensibilizados sobre os interesses comerciais de influenciadores digitais e youtubers.

Mas os especialistas veem claras vantagens no consumo de vídeos no YouTube. Combinados com métodos clássicos de aprendizado, esses novos caminhos devem melhorar visivelmente a qualidade da educação. Os analistas observam também com bons olhos o potencial estimulador do YouTube a novas formas de participação cultural.

Porém, fica a questão: como pôde este desenvolvimento passar despercebido por grande parte dos pedagogos e pais? Thomas Krüger, da Agência Federal Alemã para a Educação Política, avalia que há um déficit de comunicação entre professores e pais, de um lado, e alunos, do outro.

"Há um certo grau de falta de comunicação entre currículo, professores e o mundo dos estudantes", afirma Krüger. No entanto, o especialista salienta que, na área de educação, os tutoriais de formação digital já existentes estabelecem pontes entre gerações.

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Autor: Gero Schliess (fc)