11/06/2018

A Inclusão do Aluno Com Deficiência Como Conceito Teórico Trabalhado Nas Aulas Práticas de Educação Física Escolar

DANIELA SANTOS DA SILVA ; IALE SANTOS F. OLIVEIRA; JOSIANE CRISTINA F. DE SOUZA; LEANDRO SILVA FERRIRA; SANDRA AMORIM LEITE RESUMO Este estudo teve como objetivo principal descrever a participação de alunos com deficiência dentre elas (intelectual, deficiência motora e deficiência física) em aulas de educação física nas turmas de ensino fundamental 1 e 2 de uma escola do ensino regular. Foram observadas 5 aulas de educação física das turmas, dentre este contexto as informações foram coletadas e registradas dentre um roteiro pré-estabelecido com perguntas referente a participação do aluno nas aulas de educação física. Os dados foram analisados e selecionados em quatro categorias representadas em gráficos (gráfico 1: participação do aluno em aula 86%, gráfico 2: tempo de participação na aula 64%, gráfico 3: autonomia do aluno em aula 71% e gráfico 4: realização das atividades 71%. A partir dos dados observou-se que a maioria das atividades propostas pelos professores nas aulas de educação física favoreceu a inclusão dos alunos com deficiência, além disso, houve interação entre eles e os demais colegas com a realização de atividades em grupo. Sendo assim podemos afirmar que a inclusão está sendo efetiva nas turmas e nas aulas de educação física observadas. Palavras-chave: inclusão, aluno com deficiência, aula de educação física. ABSTRACT The main objective of this study was to describe the participation of students with disabilities among them (intellectual, motor deficiency and physical disability) in physical education classes in elementary school classes 1 and 2 of a regular school. Five classes of physical education were observed in the classes, and in this context information was collected and recorded among a pre-established script with questions regarding student participation in physical education classes. The data were analyzed and selected in four categories represented in graphs (graph 1: student participation in class 86%, graph 2: participation time in class 64%, graph 3: student autonomy in class 71% and graph 4: performance From the data it was observed that most of the activities proposed by the teachers in the classes of physical education favored the inclusion of the students with disabilities, in addition, there was interaction between them and the other colleagues with the accomplishment of activities in Thus, we can affirm that inclusion is being effective in the classes and physical education classes observed. Keywords: inclusion, student with disabilities, physical education class 1.INTRODUÇÃO Evidências apontam para as dificuldades no processo de inclusão do aluno com deficiência nas aulas de educação física. Alguns motivos são apontados como preparação por parte dos professores com relação às características dos alunos (GOMES E BARBOSA 2006). Os autores destacam que, trata-se de uma deficiência com características muito peculiares e bastante acentuadas, necessitando conhecimento específico por parte dos professores. Inclusão é um termo que tem sido usado predominantemente como sinônimo para alunos com deficiência. Entende-se que a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física é uma política educacional que contempla o atendimento de todos os alunos no mesmo espaço em comum, e que tenham as mesmas oportunidades de movimentos e participação em todas as aulas práticas de Educação Física, respeitando as suas limitações (STRAPASSON e CARNIEL 2007). Quando um aluno com deficiência participa das aulas de Educação Física o Professor deve proporcionar ao mesmo, a maior mobilidade possível e de forma autônoma, incentivando sua atuação no meio e comunicação com os colegas, mantendo o direito de desfrutar da convivência com os demais alunos (NEBRERA 2009). A Educação Física é caracterizada como uma área que permite adaptações e consequentemente a participação de todos, independente das limitações apresentadas pelo aluno com deficiência, proporciona a interação entre os alunos e a inclusão (DUTRA; SILVA; ROCHA, 2006). A palavra inclusão remete a pensar na inserção de algo em algum lugar, portanto quando se refere a pessoas com deficiências estamos propondo sua inserção na sociedade (SASSAKI, 2002). Lehnhard et al (2009) citam que a educação física tem potencial de oferecer diferentes experiências de movimento e de comunicação entre os alunos por ter seus conteúdos mais flexíveis e facilmente adaptados às necessidades da turma se comparada às demais disciplinas curriculares e, a partir desta característica, torna-se facilitadora da inclusão nas aulas práticas de educação física. A partir do momento que se trabalha com turmas que apresentam alunos com deficiência física matriculados, é importante que algumas adaptações sejam feitas no intuito de assegurar sua participação e oferecer a ele e a turma experiências significativas no seu desenvolvimento físico, social e cognitivo (STRAPASSON; CARNIEL, 2007). O objetivo do presente estudo foi identificar de que maneira o conceito teórico de inclusão do aluno com deficiência é trabalhado nas aulas práticas de Educação Física escolar. 2.METODOLOGIA O presente estudo de caráter transversal, analítico e descritivo. Foi desenvolvido com propósito de obtenção do título de graduação em Licenciatura no curso de Educação Física. 2.1 Instrumento de Avaliação Como instrumento de avaliação do presente estudo, foi utilizado um questionário investigativo de criação própria da autoria do estudo, baseado em CASSIANO E GOMES (2003). O Questionário de caráter de dados qualitativos contendo oito questões objetivas no intuito de saber a relação do conceito teórico de inclusão com a aula prática de Educação Física, fazendo assim uma aproximação de teoria e prática. De acordo com Santos (2001) é uma pesquisa descritiva, que visa “descrever um fato ou fenômeno”. Além disso, segundo o autor, é do tipo estudo de caso onde o objetivo de pesquisa é restrito, esta forma de coletar informações é utilizada no intuito de aprofundar no tema estudado. 2.2 Desenho do Estudo Para o modelo da análise desenvolvida no presente estudo foi convidado para a participação do estudo de maneira voluntária, profissionais funcionários de outras áreas da escola, que se enquadraram dentro da pesquisa como avaliador e observador das aulas. Sendo assim esses funcionários devidamente orientados quanto a metodologia do estudo, analisaram a aula de Educação Física e preencheram os dados do questionário durante a aula. Essa participação foi concedida no estudo afim de não ocorrer indução de respostas por parte dos pesquisadores do estudo. Sendo assim durante as aulas esse profissional realizou uma análise das aulas e o preenchimento do questionário, afim de identificar a situação de participação dos alunos com deficiência. Ao termino da aula o mesmo, realizou a devolução do questionário já preenchido ao pesquisador responsável pelo estudo. Sendo assim a investigação foi realizada em escolas públicas na região sul da cidade de São Paulo. A aulas de Educação Física analisadas eram ministradas por professores de Educação Física, para turmas do ensino fundamental, com pelo menos um aluno com deficiência de qualquer condição etiológica participante da aula. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização Sócia demográfica, dos professores e das aulas. Foram analisadas no total 5 aulas em 4 escolas públicas da zona sul de São Paulo. Sendo um total de 14 alunos com deficiência ao qual participaram das aulas. Os alunos apresentavam diferentes condições de deficiência, sendo 6 alunos com deficiência intelectual, 5 alunos com deficiência motora e 3 alunos com deficiência física. Os professores que ministravam as aulas nas escolas avaliadas apresentavam como formação superior o curso de Educação Física Licenciatura, com tempo médio de 20 anos de formação. Para análise e investigação da participação dos alunos com deficiência nas aulas, conforme o questionário de ferramenta investigativa do presente estudo. As variáveis analisadas foram divididas em categorias. Sendo elas: ambiente de aula, grau de participação do aluno e tempo de participação na aula, autonomia do aluno e realização das atividades. Assim foi possível identificar que conforme o grau de participação e tempo de participação do aluno no ambiente de aula, 100% dos alunos participaram das aulas de Educação Física nas escolas analisadas, junto aos demais alunos da escola que não apresentavam deficiência dentro das suas características. Esses resultados representam uma condição positiva no processo de inclusão, uma vez que a literatura preconiza no processo de inclusão a participação ativa do aluno com deficiência junto aos demais alunos. A educação inclusiva pode ser entendida como uma concepção de ensino contemporânea que tem como objetivo garantir o direito de todos à educação. A igualdade de oportunidades e a valorização das diferenças humanas, contemplando assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero inerentes aos seres humanos. Implica a transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos, sem exceção. A inclusão vem defender algo radicalmente distinto (STAINBACK, EAST E SAPON-SHEVIN, 1994). Ainda assim as autoras citam que: “o objetivo da inclusão não é apagar as diferenças, mas sim permitir que todos os alunos pertençam a uma comunidade educacional que valida e valoriza a sua individualidade” (STAINBACK; EAST; SAPON-SHEVIN, 1994, p. 489). Com a inclusão, há uma nova forma de compreender as dificuldades educacionais. O problema já́ não reside no aluno, mas sim na forma como a escola está́ organizada e no modo como funciona. Tal como refere Costa (1996), perante um problema de insucesso escolar, não se trata unicamente de saber qual é o déficit da criança ou o problema da sua relação familiar ou do seu percurso educativo, mas trata-se de saber o que faz o professor, o que faz a classe, o que faz a escola para promover o sucesso desta criança. O foco deixou de ser, tal como acontecia no modelo integrativo, o aluno-com dificuldades, avaliado por especialistas, e passou a ser a classe, a escola e as condições que podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem de todos os alunos (PORTER, 1995; AINSCOW, 1999; PEREIRA, 1999; AVRAMIDIS et al., 2002). Conforme o elevado grau de participação do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física, foi possível perceber que os alunos participam das aulas na sua maioria em grupo (86%) dos alunos conforme representação no gráfico 1, bem como o tempo de participação nas aulas ocorreu ao mesmo tempo junto aos demais alunos com 64% dos casos representado no gráfico 2. Gráfico 1: Representação da forma de participação do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física. Gráfico 2: Representação do tempo de participação do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física. Esses dados representam que, conforme a literatura e conforme esse estudo o aluno com deficiência participar das aulas de educação física em grupo é construtivo e positivo por estar sendo aceito e incluído, conseguindo desenvolver seus aspectos físicos, intelectuais e sociais, porém, algumas atividades os alunos encontram dificuldade em executar sozinhos limitando seu desempenho e desenvolvimento (PALMA, LEHNHARD 2012). Outro fator relevante para o estudo além da participação foi qualidade da participação, para as aulas analisadas no presente estudo foi possível identificar que os alunos na sua maioria participaram das aulas de maneira inclusiva, porém com auxílio do professor, representado na sua maioria em 71% dos casos conforme gráfico 3. Gráfico 3: Representação da autonomia na participação do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física. Em estudo realizado por Montilha et al. (2009) acerca da percepção de alunos com deficiência sobre o conceito de inclusão na educação física escola, 42,3% destes alunos relataram bom relacionamento com os colegas 69%, porém o relacionamento com o professor influenciava muito. É importante que o aluno com deficiência interaja com o maior número de colegas afim de que os mesmos convivam com a pessoa que possua deficiência no intuito de diminuir e abolir os preconceitos e a discriminação. Em uma das atividades, realizada em dupla o colega que estava com o aluno com deficiência física demonstrou preocupação diante da possibilidade de seu colega não conseguir realiza-la, fazendo com que a dupla não fizesse o circuito proposto na mesma velocidade e ritmo que os demais. Esse fato é um dos exemplos da competição que existe na turma, ou seja, os alunos veem as atividades proposta como competição e o colega com deficiência física poderá de certa forma, atrapalhar o desempenho daquele grupo. Cassiano e Gomes (2003) acrescenta que as atividades em duplas facilitam a execução das atividades e fazem com que os alunos com deficiência não se sintam rejeitados pela turma. Ainda, segundo Oliveira (2002), a inclusão proporciona a transformação, da concepção que os alunos têm acerca da pessoa com deficiência, isto porque convivem e aprendem com a heterogeneidade. Além disso, a autora coloca que as aulas de Educação Física devem, a partir de atividades corporais, gerar atitudes de respeito e aceitação (PALMA; LEHNHARD, 2012). Referente ao gráfico 4 pode-se observar que os 71% dos alunos participam das mesmas atividades, nota-se que 29% dos alunos não participam das mesmas tarefas, porém, conforme mostra o gráfico 2 as atividades desenvolvidas mesmo sendo diferentes ocorrem ao mesmo tempo e no mesmo local das demais. Gráfico 4: Representação quanto a realização das atividades por parte do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física. CONCLUSÃO Ao final deste estudo verificamos que os alunos com deficiência sendo elas (física, motora e intelectual) participa das aulas de educação física e sua inclusão é favorecida pelas atividades realizadas. Mostra-se efetivamente na proposição de possibilidades para o processo de inclusão. Essa participação é baseada no auxílio dos professores, o que traz discussões sobre as possibilidades de dar mais liberdade ao aluno, mas ao mesmo tempo, viabiliza a participação deste nas atividades. A solidificação do conceito de inclusão passa pela eliminação de barreiras, tanto as físicas e de atitudes, quanto as pedagógicas que envolvem a formação continuada de professores no sentido de que os planejamentos das aulas atendam a todas as diferenças. As aulas de Educação Física proporcionam uma maior proximidade física dos alunos, o que gera aprendizado em função das trocas que ocorrem entre os mesmos, surge a preocupação de que a disciplina adquira maior importância no ambiente escolar. Ainda, a Educação Física tem como tarefa fazer com que o aluno descubra e desenvolva suas capacidades, o que pode auxiliar no processo inclusivo. Por fim, destacamos a importância de haver um planejamento antecipado de aula e instrumentos que possibilitam o professor a variar as atividades de acordo com os tipos de deficiências. REFERENCIAS: Aulas de educação física e inclusão: um estudo de caso com a deficiência física. DisponívelemAcesso em 14 maio 2018 Desenvolvimento e inclusão social. Disponivel em http://www.unicamp.br/fea/ortega/energy/Helio%20Santos.pdf>Acesso>em 18 de maio 2018 Educação fisica e a percepção de alunos com deficiência visual em processo de inclusão.disponívelemcesso em 14 de maio 2018 Educação física e inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola DisponívelemAcesso em 10 abril 2018. Educação física e inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola DisponívelemAcesso em 10 abril 2018. Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física do ensino regular: concepções, atitudes e capacitação dos professores.DisponivelemAcesso em 21 de maio 2018. Inclusão escolar e Educação Física: refletindo sobre a participação dos alunos com deficiência física. Disponível< http://www.efdeportes.com/efd159/inclusaoescolar-e-educacao-fisica.htm>Acesso em 15 de maio 2018. Inclusão de crianças com deficiência na escola regular numa região do município de São Paulo: conhecendo estratégias e ações. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413653820120001000 10Acesso em 10 de abril 2018 Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas aulas de educação fisica do ensino regular: concepções, atitudes e capacitação dos professores.Disponívelem<(https://portalrevistas.ucb.br/index.php/efr/article/vie w/1341>Acesso em 01 maio 2018. Percepções de escolares com deficiência visual em relação ao seu processo de escolarização.DisponivelAc esso em 12 de maio 2018 Revista Educação Especial, vol. 25, num. 42, enero-abril, 2012. Disponível ememaceso em 20 de maio 2018 Revista pensar a pratica, Goiânia, v. 13, n.3, p. 1-18, set/ dez. 2010 Revista Escritos sobre Educação. Ibirité, v.5, n.1, p.19-25, jan.-jun. 2009 Tornar a educação inclusiva. Disponível em Acesso em 10 de maio 2018. UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO. Disponivel emAcesso em 20 de maio 2018 UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO. Revista da Educação, Vol. XVI, nº 1, 2008 UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO. Revista da Educação, Vol. XVI, nº 1, 2008

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