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Opinião|A guerra das Inteligências Artificiais na educação

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O ChatGPT continua sendo um dos assuntos mais comentados em várias áreas do conhecimento e veículos de comunicação. Uma dessas áreas é a educação. Nas últimas semanas professores, pesquisadores e outros profissionais da área da educação ficaram assustados com a capacidade da ferramenta e vêm manifestando suas preocupações com  o uso da ferramenta por alunos na execução de atividades escolares e acadêmicas. 

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De fato, a ferramenta elimina a necessidade do aluno pesquisar informações em várias fontes, colecioná-las, refletir e criar um texto para organizá-las de uma forma coerente incluindo suas próprias elaborações e reflexões sobre o tema, para cumprir os objetivos de aprendizado de um trabalho escolar. Ao automatizar todo esse processo e eliminar a execução dessas etapas por parte dos alunos, o aprendizado e o aproveitamento escolar podem ser impactados negativamente. Os educadores argumentam que tornou-se muito difícil detectar se um aluno utilizou esse tipo de inteligência artificial para elaborar um trabalho escolar, aumentando a dificuldade de avaliar o real desempenho, aproveitamento, progresso e dificuldades de cada aluno.   

Apesar da preocupação ser legítima, e do susto que o ChatGPT deu nos educadores num primeiro momento, a ferramenta ainda tem várias limitações, o que resulta num desempenho prático na esfera educacional abaixo do que muitos podem pensar. Por exemplo, ao utilizar o ChatGPT para resolver a prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2022, o total de questões acertadas foi 60%. Sua inteligência artificial acertou 32 de 45 questões de linguagem, 40 de 45 questões de ciências humanas, 21 de 45 questões de ciências naturais e 12 de 44 questões de matemática. Apesar de não ser desprezível, isso demonstra que o ChatGPT não resolve todos os problemas dos alunos que desejarem utilizar a ferramenta para fazer suas tarefas ou trabalhos escolares. Além disso, suas limitações resultam em pistas nos textos que elabora que podem ser detectadas numa análise mais minuciosa. 

Se a inteligência artificial está criando esse problema, por que não utilizar a própria inteligência artificial para combater o uso indevido desse tipo de ferramenta? Diante da polêmica e da necessidade apontada pelos educadores, nas últimas semanas surgiram algumas iniciativas para detectar se um texto foi escrito com o uso de uma inteligência artificial. Tais tecnologias buscam justamente utilizar tais pistas como uma espécie de assinatura deixada pelas inteligências artificiais generativas, como o chatGPT, permitindo apontar que um texto foi muito provavelmente gerado a partir desse tipo de ferramenta. 

Uma dessas IAs para detectar se um texto foi criado pelo ChatGPT é o GPTZero, criada por Edward Tian, aluno do curso de ciência da computação da universidade de Princeton. A ferramenta, por enquanto gratuita, faz uma análise de um texto enviado pelo usuário, e gera um parecer, indicando se o texto foi mais provavelmente gerado por uma inteligência artificial ou por um humano. Outra delas, o DetectGPT, foi criada por alunos da Universidade de Stanford, que atingiu uma acurácia de 95% ao detectar se um humano ou uma inteligência artificial escreveu um texto. 

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Outras ferramentas ainda melhores surgirão. Com isso, certamente as inteligências artificiais generativas também evoluirão e, na mesma dinâmica dos vírus/antivírus, veremos os progressos ocorrendo nos dois tipos de IAs. Quem vencerá a guerra das IAs? Uma coisa é certa: de um jeito ou de outro, a IA estará ocupando um espaço cada vez mais importante na educação. E, como provavelmente a inteligência generativa atingirá um estágio de desenvolvimento em que será realmente impossível diagnosticar se um texto foi escrito por um humano ou por uma inteligência artificial, é fundamental que os educadores repensem e atualizam o quanto antes o modelo educacional atual, e, principalmente, promovam uma evolução da forma de avaliar o desempenho e o progresso dos alunos.

 

Opinião por Alexandre Nascimento
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