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Na pedagogia tradicional, vigente em boa parte das escolas, os estudantes são organizados em turmas por idades e os professores conduzem o grupo a avançar de uma etapa a outra da formação. O professor explica os conceitos, o aluno faz exercícios. A dinâmica se repete por várias semanas até o dia da prova.


O resultado das avaliações costuma mostrar variação nos níveis de aprendizado, evidenciando determinadas lacunas no conhecimento de cada estudante. O problema é que, nas aulas seguintes, o professor seguirá em frente com matérias mais complexas.


E essa é uma das explicações para o fracasso atual de nosso ensino. Nos mais recentes PISA (exames internacionais de medição de competências dos estudantes) o Brasil ficou nas últimas posições. Um levantamento do Todos pela Educação, realizado a partir da Prova Brasil, mostrou que apenas 10% dos estudantes do ensino médio aprendem o necessário em matemática. Isso ajuda a explicar a dificuldade que os universitários enfrentam nas disciplinas que dependem de conceitos da educação básica.


Os buracos na compreensão dos conteúdos vão se acumulando, com efeitos diversos. Alguns estudantes conseguem voltar ao ritmo da turma. Mas uma parte significativa não entenderá as aulas seguintes e começará a ter dificuldades com relação à matéria – como é o caso, por exemplo, dos que dizem “não levar jeito para a matemática”, como se isso fosse algo genético. Num dado momento, o conhecimento prévio necessário é de tal porte que as lacunas acumuladas se tornam um muro intransponível. As consequências são repetência e o abandono escolar, ou ainda a perda de talentos em diversas profissões que simplesmente não são escolhidas, porque ficaram atrás do muro.


A boa notícia é que, hoje, há recursos com as quais os pedagogos de outrora não podiam contar como os diversos recursos tecnológicos. Por exemplo, os professores podem usar ambientes virtuais e gerar relatórios do aprendizado de cada aluno, por tópico estudado. Se um aluno precisa rever as aulas no seu próprio ritmo, pode ver videoaulas – ferramenta à qual os jovens já costumam recorrer por si mesmos, até para aprender um novo jogo eletrônico. O professor pode checar a evolução por meio de exercícios interativos, adaptáveis a cada percurso. Os alunos podem ter feedbacks imediatos.


Cada estudante deve seguir uma determinada trilha. É o que se chama de ensino personalizado ou aprendizagem adaptativa, na qual o percurso se adapta às necessidades de cada um, com planos de trabalho individualizados. Isso se relaciona diretamente ao papel ativo do estudante, na gestão da própria aprendizagem. O professor se torna, muito mais do que um expositor, um orientador, um arquiteto cognitivo que desenha os melhores caminhos para os aprendizes. Ele também tem a tarefa de entusiasmá-los a seguir aprendendo. O foco sai do professor que apresenta lições e passa para a interação entre estudantes e conhecimentos.


Eis o que a escola precisa ensinar agora: aprender a aprender. Um processo em que a pessoa é a maior responsável pela gestão de sua aprendizagem. Vamos da pedagogia, que etimologicamente remete a conduzir o estudante, para a heutagogia (aprendizagem autodirecionada), na qual nos tornamos responsáveis por buscar e construir o conhecimento por conta própria. Essa capacidade, da qual precisaremos ao longo da vida, num mundo de mudanças velozes, envolve autodisciplina, motivação, organização e flexibilidade. E a escola do seu filho, já ensina assim?