Brasil

8,7 milhões de estudantes não tiveram aula em julho, aponta IBGE

Dados da Pnad Covid, divulgados nesta quinta, também evidenciam profundas desigualdades entre estudantes de diferentes regiões do país
Alunos durante aula presencial em Manaus, no estado do Amazonas, onde algumas escolas já retornaram Foto: Raphael Alves / Agência O Globo
Alunos durante aula presencial em Manaus, no estado do Amazonas, onde algumas escolas já retornaram Foto: Raphael Alves / Agência O Globo

RIO — As dificuldades em ter de frequentar escola ou universidade, de modo presencial ou remoto, fizeram com que 8,7 milhões de estudantes não tivessem nenhuma atividade escolar em julho. Os dados são da Pnad Covid, divulgada nesta quinta pelo IBGE. É a primeira vez que o IBGE pergunta sobre educação dentro da pesquisa realizada para medir o impacto na pandemia na vida dos brasileiros. A faixa etária considerada contempla alunos de 6 até 29 anos.

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Ao todo, 19,1% dos estudantes não tiveram aula no mês. No sentido contrário, 72% dos alunos, ou 32,6 milhões, tiveram atividades no período. O restante, o equivalente a 8,9%, estava de férias no período.

Segundo Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE, os dados mostram profundas desigualdades regionais. No Norte, quase 40% dos estudantes do ensino fundamental e quase metade dos do ensino médio ficaram sem atividades escolares em julho.

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Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% das do ensino médio realizaram atividades escolares.

Além disso, os números indicam uma desigualdade por renda:

— Quanto menor a renda da família, maior o percentual de estudantes que não tiveram atividades escolares durante a pandemia — observa Maria Lúcia.

Levantamento feito pelo GLOBO mostrou que, depois de cinco meses da interrupção das aulas, dos 17 estados que responderam aos questionamentos da reportagem, apenas cinco financiam o acesso à internet para os alunos: Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Minas Gerais e São Paulo.

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Ou seja, embora os outros estados disponibilizem material on-line, não há o custeio do acesso para os estudantes, o que faz com que pelo menos 5,7 milhões de alunos tenham que arcar com os custos de internet para estudar na escola pública.

Na tentativa de aumentar as desigualdades, o Ministério da Educação anunciou que disponibilizará internet para cerca de 400 mil estudantes em situação de vulnerabilidade das instituições federais de ensino. Segundo o MEC, há 900 mil estudantes em situação de vulnerabilidade na rede federal, o que inclui das universidades, os institutos federais e os colégios Pedro II.