Frase de Paulo Freire escrita no muro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de SP, palco de um assassinato a uma estudante de 17 anos. — Foto: Rodrigo Rodrigues/g1
Cerca de 774 vigilantes desarmados começaram a trabalhar na segurança de escolas estaduais de São Paulo selecionadas nesta semana. Cada escola terá um profissional.
Segundo o governo, eles irão atuar inicialmente na região metropolitana. Ao todo, a gestão estadual pretende contratar mil vigilantes.
A medida tinha sido prometida pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em abril, junto com a contratação de psicólogos, após uma professora morrer e outras quatro pessoas ficarem feridas em um ataque na escola Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Sul da capital paulista.
À época, a gestão estadual afirmou que os profissionais deveriam começar a trabalhar entre os meses de junho e julho. Os agentes foram contratados de uma empresa privada e vão trabalhar nas unidades desarmados.
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Seleção das escolas
De acordo com o governo, a seleção das escolas atendidas foi feita por 91 diretorias regionais de ensino com base nos critérios de vulnerabilidade da comunidade e convivência no ambiente escolar.
O projeto prevê ainda que as empresas selecionadas contratem agentes homens e mulheres com formação profissionalizante na área de segurança, e exige a consulta aos antecedentes criminais dos selecionados.
Os vigilantes devem circular dentro da escola e avisar a direção qualquer ocorrência.
Ainda segundo a gestão estadual, serão investidos R$ 70 milhões por ano no projeto.
Segundo ataque
Nesta segunda-feira (23), uma aluna morreu e outros três ficaram feridos após um ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo.
Um adolescente de 16 anos, também aluno, entrou armado no colégio e efetuou os disparos. Ele foi apreendido junto com a arma e encaminhado à Cara da Infância e Juventude.
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Na terça, o corpo da Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, morta com um tiro na cabeça, foi enterrado em Santo André. À tarde, estudantes fizeram uma homenagem à jovem na porta da escola.
Investigação
A Polícia Civil abriu três inquéritos do caso. O primeiro, sobre o ato infracional, já foi concluído. O agressor deu quatro tiros. Um dos disparos acertou uma janela, e os demais, três alunos.
O segundo investiga se o ataque teve a participação de mais pessoas, além do adolescente de 16 anos.
Aos policiais, o atirador afirmou ter encontrado a arma na casa do pai, dentro de um colchão. As balas estavam em uma caixa separada. Ele teria carregado a arma, levado à casa em que mora com a mãe e cometido os crimes sozinho.
A polícia, no entanto, apura a informação de que ele teria comentado que cometeria o ataque em um grupo fechado de uma rede social de que participa. Também é investigado se ele foi incentivado a fazer os atos.
E um terceiro investiga se houve omissão do pai do agressor em relação à arma. Ela foi registrada em 1994 e não tinha sido recadastrada.
O pai do adolescente prestou depoimento e assumiu a responsabilidade pelo porte da arma. Ele pediu desculpas à família da menina morta.