Por Patrícia Figueiredo, g1 SP — São Paulo


Movimentação de alunos na Escola Estadual Professor Simão Mathias, localizada na Avenida Ragueb Chohfi, Zona Leste de São Paulo, nesta segunda-feira (8) — Foto: Peter Leone/A7 Press/Estadão Conteúdo

Quase quatro em cada dez alunos do 9º ano do ensino fundamental na cidade de São Paulo já sofreram bullying, segundo dados de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na última quarta-feira (13).

Os dados mostram que 38,3% dos estudantes desta faixa etária, entre 13 e 15 anos, já sofreram este tipo de violência psicológica na capital paulista.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) mostrou ainda que esse número diminuiu em 2019, último ano da pesquisa, em relação a 2015, quando o índice chegou a 47,3%.

O percentual da capital paulista é similar à média nacional (40,3%) aferida pela pesquisa, que analisou a situação nas 27 capitais do país. Dentre essas cidades, Porto Velho foi a que registrou maior índice de adolescentes vítimas de bullying, com 47,9% do total de alunos entrevistados.

A pesquisa mostrou também que a proporção de adolescentes que já sofreu bullying na capital paulista foi similar nas escolas privadas (40%) e nas públicas (37,8%).

Os dados mostram, no entanto, uma diferença entre meninas e meninos: 32,1% dos alunos da capital sofreram bullying, contra 43,3% das alunas.

Começa nesta segunda-feira (01), a volta as aulas presenciais nas escolas particulares, seguindo as regras de proteção contra a Covid-19 e com 35% dos alunos em sala. Nas escolas estaduais o retorno será na próxima semana. Na foto, alunas se cumprimentam com toque nos pés. — Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Em 2012, a família de uma estudante chegou a processar o governo de São Paulo por conta das humilhações e perseguições sofridas ao longe de quatro anos em uma escola estadual. No processo, ela relata que foi vítima de perseguições e xingamentos por parte de alguns colegas, que chegaram a atirar goiabas nela, mexer em sua mochila e expor peça íntima com resquícios de menstruação. Neste ano, a Justiça de São Paulo condenou o governo paulista a pagar R$ 10 mil de indenização à jovem.

De acordo com um estudo do Instituto Ayrton Senna em parceria com o governo estadual, estudantes vítimas de bullying podem enfrentar problemas de autoconfiança, apresentam menos curiosidade para aprender e se sentem menos entusiasmados no ambiente escolar.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um em cada três alunos já sofreu bullying em todo o mundo.

Hábitos alimentares e sedentarismo

Alimentos industrializados e ultraprocessados, como salgadinhos — Foto: Pixabay

A pesquisa também avaliou os hábitos alimentares dos estudantes de 13 a 15 anos. Em São Paulo, quase metade (43%) dos alunos relatou ter consumido guloseimas doces em 5 dos 7 dias anteriores à pesquisa. No caso dos refrigerantes, o percentual foi menor: 21% dos adolescentes consumiu esse produto mais de cinco vezes na semana da pesquisa, na capital paulista.

O consumo de alimentos que não são saudáveis foi acompanhado de um alto percentual de adolescentes que não são fazem exercício com a regularidade necessária.

Rita Lobo explica a diferença entre os alimentos processados e ultraprocessados

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Em todo o país, 60% dos alunos do 9º ano foram classificados como insuficientemente ativos. Foram encontradas maiores proporções de meninas insuficientemente ativas do que de meninos.

Na capital paulista, esse percentual foi ainda maior: 65,5% dos estudantes foram insuficientemente ativos na semana anterior à pesquisa. A proporção de meninos que não se exercitam o bastante foi de 53,9% do total, enquanto entre as meninas este percentual foi de 74,8% do total.

Metodologia da pesquisa

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) é realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde e com o apoio do Ministério da Educação. O foco da pesquisa é conhecer e dimensionar os fatores de risco e proteção à saúde dos jovens em idade escolar.

O IBGE, no entanto, alerta que as estatísticas são classificadas como experimentais e devem ser usadas com cautela, pois utiliza métodos que ainda estão em fase de teste e sob avaliação.

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