Por Mariana Aldano, Bom Dia SP — São Paulo


35% dos professores consideram o ensino a distância razoável, diz pesquisa

35% dos professores consideram o ensino a distância razoável, diz pesquisa

Uma pesquisa feita durante a pandemia pela Associação Nova Escola mostrou que 29% dos professores de rede pública consideram que a maioria dos alunos tem participado das atividades a distância. Já na rede privada, esse número sobe para 64%. A pesquisa foi realizada com 2.800 professores.

De acordo com gerente pedagógica da Associação Nova Escola, Ana Lígia Scachetti, ninguém estava preparado para essa mudança no ensino, mas a desigualdade vai ficar maior no retorno às aulas entre alunos da rede pública e da privada.

“Mas é claro que os alunos estão não só participando de parte das atividades como estão aprendendo outras coisas e tudo isso tem de ser considerado porque as crianças e adolescentes estão tendo outras interações que também impactam no momento do retorno", afirma.

De acordo com Ana, a preocupação dos professores é que a comunicação com os alunos, que antes se dava do portão da escola para dentro, se torne efetiva a distância.

“Os professores estão usando tudo o que podem de criatividade, com soluções usando tecnologia e outros recursos, como materiais impressos e ferramentas disponíveis mais simples de usar, como Whatsapp.”

O Jair Ferreira Junior é professor de História na rede privada. Ele sentiu dificuldades quando o assunto é tecnologia e teve de comprar mesa, impressora para adequar seu espaço para gravar as aulas.

Mas, dentro do que é possível, está dando tudo certo. O que falta de um lado, ele compensa do outro. E com experiência de anos de sala de aula, criatividade e boa vontade, o Jair tem conseguido manter os alunos engajados. Em um vídeo, o professor ensinou os alunos a montar um jogo de tabuleiro na aula de cultura africana.

Quando perguntados como tem sido a experiência deles de trabalhar no ensino a distância:

  • 35% disseram que é razoável;
  • para 28,3% a experiência é boa;
  • 19,7% consideram trabalhar a distância ruim;
  • 12,2% acham péssimo;
  • E ninguém acha excelente.

Perguntados sobre a saúde emocional nesse período de pandemia, 32,9% dos professores disseram que está ruim ou péssima.

As principais preocupações por parte dos professores que responderam à pesquisa são garantir o acesso à tecnologia de todos os alunos e professores e acompanhar a presença e a aprendizagem dos alunos à distância.

  • 36,9% consideram-se mais ou menos preparados para o retorno das aulas presenciais.
  • E apenas 10% declararam-se muito preparados para essa volta.

A professora Maíra Tangerino grava aulas para a Central de Mídias do governo do estado e abastece as aulas que são exibidas na TV aberta, para os alunos que não conseguem acompanhar a escola pela internet.

“Os alunos estão acessando a TV com o apoio da família.”

Em relação a volta às aulas, os professores estão otimistas.

  • 75,8% dos professores entrevistados na pesquisa acham que as aulas voltam no segundo semestre de 2020.
  • Para 18,75%, aula presencial, só em 2021.
  • E 5,37% acreditam que voltam para a sala de aula ainda no primeiro semestre desse ano.

A Jucileide Gonçalves Martins Sant’ana é professora do Ensino Fundamental na rede pública. A sobrecarga no trabalho, os desafios do novo formato e a preocupação com os alunos são alguns dos maiores desafios dela nesse momento.

“Se você tivesse que descrever... Angústia. O fato de eu não saber como estão as crianças efetivamente, como estão aprendendo na casa delas, o fato de ter tirado repentinamente as aulas presenciais, e a questão delas não terem acesso às aulas virtuais".E ela está morrendo de saudade das crianças.

De acordo com a psicóloga Fernanda Costa, algumas coisas bem simples podem ajudar bastante.

"Uma xícara de chá quentinho, um banho de creme no cabelo, ler um livro, fazer atividade física mesmo dentro de casa, ver um filme, esses pequenos prazeres do dia a dia não podem faltar. Tem de olhar para suas necessidades emocionais."

A Secretaria Estadual da Educação disse em nota que o governo do estado disponibilizou internet gratuita para alunos e professores da rede pública de ensino e que a iniciativa foi viabilizada em tempo recorde. Lembrou ainda que as aulas estão sendo transmitidas pela televisão e que a previsão é que volte a aula presencial em setembro

Sobre o controle de frequência dos alunos, a secretaria disse que ele é feito online e caso haja dificuldade no acompanhamento do conteúdo, os alunos terão ações de reforço escolar.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!

Mais lidas

Mais do G1

Sugerida para você