Por Zelda Mello, Cleber Jesus, TV Globo e g1 SP — São Paulo


A rede estadual de ensino de São Paulo registrou, nos seis primeiros meses deste ano, um total de 20.173 professores afastados por questões relacionadas à saúde mental, um aumento de 15% em comparação ao mesmo período de 2022.

Os dados foram obtidos pela TV Globo via Lei de Acesso à Informação.

De acordo com o levantamento, foram, em média, 112 profissionais da Educação afastados por dia das escolas do estado devido a transtornos e doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade e crise do pânico.

"A pressão é grande. E, às vezes, você não tem respaldo da direção da escola, você não tem respaldo dos demais professores. Você fica isolado. Eu mesmo, o pessoal da escola me tem como 'laudado', pessoa que tem laudo [médico]. Passei na psiquiatria, tomo remédio", relata um professor que precisou passar um tempo afastado das salas de aula.

Além dos docentes, outro grupo de profissionais também tem sido cada vez mais afetado por transtornos comportamentais e doenças psiquiátricas. Os números indicam que houve um crescimento de 34,5% no afastamento de diretores da rede estadual no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período do último ano.

"A gente pisa na escola e a gente vê que é real o grau de estresse, o grau de descrédito aos educadores. Houve um tempo onde ser professor da educação pública, era um motivo de grande orgulho. Hoje, não é verdade isso. O que fizemos como sociedade? Que lugar é esse que onde a gente tá colocando os professores e que acaba causando isso?", reflete Roseli Caldas, membro da Associação Brasileira da Psicologia Escolar e Educacional.

Uma decisão da Justiça sobre as condições de trabalho dos professores obriga o Governo de São Paulo a implementar medidas de engenharia de segurança e medicina no trabalho, assim como montar uma comissão interna de prevenção de acidentes em cada unidade escolar até o início de 2024.

Por nota, a Secretaria da Educação (Seduc) afirmou que conta com trilhas formativas voltadas para a promoção da saúde mental no ambiente escolar e reforçou que, recentemente, contratou 550 psicólogos para atuarem na rede estadual, dando suporte a alunos e professores.

Nota da Seduc

"Recentemente a pasta anunciou a contratação de 550 psicólogos, com pelo menos 600 mil horas de atendimento presencial nas escolas e todos alunos e professores serão beneficiados com a iniciativa. A Secretaria conta ainda com o Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP) foi criado em 2019 e é um dos programas da pasta que estabelece iniciativas voltadas para a promoção de um ambiente de aprendizagem colaborativo, solidário e acolhedor, tais como: Escola Mais Segura, ERRD (Educação e Redução de Riscos e Desastres) e o Programa de Convivência e Acolhimento nas Escolas. Além disso, a Seduc-SP conta com as Ações e Monitoramentos Escolares; e as Trilhas Formativas, com foco na promoção da saúde mental para a rede escolar."

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